Memória de Santarém: As mudanças que não aconteceram 6o5r6t
Em 24 de abril de 1954 foi lançada a Frente Municipalista de Santarém, organizada pelo UDN (União Democrática Nacional), PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e PSP (Partido Social Progressista), para apoiar a candidatura de Aderbal Tapajós Caetano Correa à prefeitura. “Babá”, como o político era mais conhecido, era comerciante e fazendeiro, e já exercera a prefeitura de Santarém por um mandato, sendo substituído por Santino Sirotheau Correa, que estava no cargo.
Mesmo derrotado na eleição de 1950 para o governo do Estado, o PSD (Partido Social Democrático) voltara a se fortalecer e ainda era a maior força política em Santarém. A Frente, além de se empenhar pelo seu candidato na eleição que seria travada em outubro de 1954, levantava “a bandeira de libertação do município” através de uma “autêntica frente popular”.
No manifesto de fundação, o movimento se propunha a romper a atitude de insistir “obstinadamente nos mesmos erros do ado e apelando para os mesmos agentes desses erros, com desalentadora monotonia”. Queria defender Santarém “das mãos criminosas dos que traíram o povo, malbaratando verbas que não chegam para tapar os buracos de que estão cheias as ruas desta cidade. E defendendo o patrimônio moral e material que herdamos dos anteados, temos consciência de estar cumprindo o nosso dever”.
Um dos programas estabelecidos no documento era a “preservação do patrimônio histórico, intelectual e artístico de Santarém, notadamente da maravilhosa arte oleira dos primitivos habitantes desta terra, patrocinando a divulgação de tudo quanto se relacione com a vida social, econômica e política do município, bem assim da produção e trabalhos esparsos dos nossos intelectuais, musicistas e expoentes de outras atividades artísticas”.
Também se comprometia a promover e organizar, em todo município, “ampla campanha pró-alfabetização de adultos, fazendo de cada santareno um cidadão consciente dos seus direitos, deveres e responsabilidades, quer isoladamente, quer como integrante dessa grande força que é o povo, fonte de todo o poder”.
O manifesto garantia que a frente vinha recebendo apoio de todas as classes sociais e que a maior contribuição viera “precisamente das esferas sociais menos favorecidas”, destacando “a ação corajosa dos operários e estudantes santarenos, como leais combatentes que são desde as primeiras horas”. O documento identifica então os participantes dessa união pela mudança, num autêntico dos personagens da cidade na época:
“Centreiros das colônias, operários da Aldeia e da Prainha, dos cortumes, das fábricas, das usinas, das serrarias, dos estaleiros, vaqueiros do Lago Grande, do Ituqui, do Tapará, marítimos, estivadores, catraieiros, juteiros do Arapixuna, da costa do Amazonas e do Aritapera, pescadores do Urucurituba e do Arapemã, seringueiros do Alter do Chão, Belterra, Aramanaí, Boim, Pinhel e Aveiro, comerciantes, proprietários, fazendeiros, industriais, comerciários, estudantes, homens e mulheres da várzea e do planalto”.
Subscreveram o manifesto e constituíram o comitê de direção da Frente os deputados Sílvio Leopoldo de Macambira Braga e Silvério Sirotheau Correa, os vereadores Alberto Campos de Castro e José Maria de Abreu Matos. Pelo PTB, Elias Ribeiro Pinto e Nestor Orlando Miléo. Arthur Vieira Brandão e Vicente Malheiros da Silva pela UDN. E Paulo Rodrigues dos Santos e José da Costa Pereira pelo PSP. Políticos que, depois, seguiriam rumos distintos, quando não conflitantes. Sem realizar a maioria dos compromissos assumidos quase 70 anos atrás.
LEIA TAMBÉM:
Memória de Santarém: ( Garimpo): Mensagens pelo rádio (4 )
Memória de Santarém: Comício de Barata em Alenquer
Memória de Santarém( Garimpo): Mensagens pelo rádio (3 )
Memória de Santarém: A enchente e a política
Memória de Santarém: (Mensagens do garimpo)
Memória de Santarém: O crime de impacto e a capital
Memória de Santarém( Garimpo): Mensagens pelo rádio 1j6n29
Memória de Santarém: Carta ao senador e foguetório baratista
Memória de Santarém: Primeira visita de Getúlio Vargas a Santarém
Memória de Santarém: Dicionário do Baixo-Amazonas
Memória de Santarém: Uma antologia de santarenos por Isoca
Memória de Santarém: Serenata santarena no Teatro da Paz, em 1972
Memória de Santarém - As irmãs Peluso de volta
Memória de Santarém: A volta do Cine Olímpia, há 50 anos
Memória de Santarém: Orquestras (mais ou menos), em 1952
Memória de Santarém: Banda enriquecida, em 1967
Memória de Santarém: O 1º centenário de Santarém
Memória de Santarém: Uma ONG para cuidar dos tuberculosos
Memória de Santarém: O cinema do “Simõeszinho”
Memória de Santarém: A visão distorcida da várzea do rio Amazonas
Memória de Santarém: primeiro ano do ginásio Dom Amando
Memória de Santarém: A cidade e os impostos
Memória de Santarém: As enchentes, o ruim e o bom - há mais de 150 anos
Memória de Santarém: Os novos datilógrafos
Memória de Santarém: Aldeia sem luz
Memória de Santarém: A turma do SESP
Memória de Santarém: A saga da biblioteca municipal
Memória de Santarém: Padre, educador e poeta iluminado
Memória de Santarém: Os estragos causados pela chuva, em 1966
Memória de Santarém: Primeira sessão de autógrafos
Memória de Santarém: Cadê os pianos?
Memória de Santarém: A morte do 'Barra Limpa'
Memória de Santarém – A tragédia de Santarém
Memória de Santarém – A Operação Tapajós
Memória de Santarém: Nossos deputados estaduais em 1963
Memória de Santarém: Peixe caro em 1952
Memória de Santarém: Qual a sua graça? Bráulio Rodrigues da Mota!
Memória de Santarém: Futebol poderoso e pobre
Memória de Santarém: A notícia da morte de Manelito
Memória de Santarém: Quando havia o alto-falante
Memória de Santarém: Congregação Mariana dos Moços
Memória de Santarém: Cidadãos de Santarém, 1963
Memória de Santarém: A imagem do populismo
Memória de Santarém: Os confederados: um marco no desenvolvimento do município
Memória de Santarém: Começo da Tecejuta
Memória de Santarém: pianos em Santarém
Memória de Santarém: A primeira prefeita
Memória de Santarém: Primeiro jato militar
Memória de Santarém: A Miss Brasil entre nós
Memória de Santarém: Nas asas da Panair
Memória de Santarém - Tecejuta
Memória de Santarém: O regresso de Sebastião Tapajós, há 31 anos
Memória de Santarém: Cléo Bernardo e Silvio Braga
Memória de Santarém - Meu avô Raimundo
Memória de Santarém: o direito de ser criança em cidades pequenas