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Memória de Santarém: As mudanças que não aconteceram 6o5r6t

Lúcio Flávio Pinto - 26/06/2022

Créditos: Acervo ICBS

 

 



Em 24 de abril de 1954 foi lançada a Frente Municipalista de Santarém, organizada pelo UDN (União Democrática Nacional), PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e PSP (Partido Social Progressista), para apoiar a candidatura de Aderbal Tapajós Caetano Correa à prefeitura. “Babá”, como o político era mais conhecido, era comerciante e fazendeiro, e já exercera a prefeitura de Santarém por um mandato, sendo substituído por Santino Sirotheau Correa, que estava no cargo.


Mesmo derrotado na eleição de 1950 para o governo do Estado, o PSD (Partido Social Democrático) voltara a se fortalecer e ainda era a maior força política em Santarém. A Frente, além de se empenhar pelo seu candidato na eleição que seria travada em outubro de 1954, levantava “a bandeira de libertação do município” através de uma “autêntica frente popular”.


No manifesto de fundação, o movimento se propunha a romper a atitude de insistir “obstinadamente nos mesmos erros do ado e apelando para os mesmos agentes desses erros, com desalentadora monotonia”. Queria defender Santarém “das mãos criminosas dos que traíram o povo, malbaratando verbas que não chegam para tapar os buracos de que estão cheias as ruas desta cidade. E defendendo o patrimônio moral e material que herdamos dos anteados, temos consciência de estar cumprindo o nosso dever”.


Um dos programas estabelecidos no documento era a “preservação do patrimônio histórico, intelectual e artístico de Santarém, notadamente da maravilhosa arte oleira dos primitivos habitantes desta terra, patrocinando a divulgação de tudo quanto se relacione com a vida social, econômica e política do município, bem assim da produção e trabalhos esparsos dos nossos intelectuais, musicistas e expoentes de outras atividades artísticas”.


Também se comprometia a promover e organizar, em todo município, “ampla campanha pró-alfabetização de adultos, fazendo de cada santareno um cidadão consciente dos seus direitos, deveres e responsabilidades, quer isoladamente, quer como integrante dessa grande força que é o povo, fonte de todo o poder”.


O manifesto garantia que a frente vinha recebendo apoio de todas as classes sociais e que a maior contribuição viera “precisamente das esferas sociais menos favorecidas”, destacando “a ação corajosa dos operários e estudantes santarenos, como leais combatentes que são desde as primeiras horas”. O documento identifica então os participantes dessa união pela mudança, num autêntico dos personagens da cidade na época:


“Centreiros das colônias, operários da Aldeia e da Prainha, dos cortumes, das fábricas, das usinas, das serrarias, dos estaleiros, vaqueiros do Lago Grande, do Ituqui, do Tapará, marítimos, estivadores, catraieiros, juteiros do Arapixuna, da costa do Amazonas e do Aritapera, pescadores do Urucurituba e do Arapemã, seringueiros do Alter do Chão, Belterra, Aramanaí, Boim, Pinhel e Aveiro, comerciantes, proprietários, fazendeiros, industriais, comerciários, estudantes, homens e mulheres da várzea e do planalto”.


Subscreveram o manifesto e constituíram o comitê de direção da Frente os deputados Sílvio Leopoldo de Macambira Braga e Silvério Sirotheau Correa, os vereadores Alberto Campos de Castro e José Maria de Abreu Matos. Pelo PTB, Elias Ribeiro Pinto e Nestor Orlando Miléo. Arthur Vieira Brandão e Vicente Malheiros da Silva pela UDN. E Paulo Rodrigues dos Santos e José da Costa Pereira pelo PSP. Políticos que, depois, seguiriam rumos distintos, quando não conflitantes. Sem realizar a maioria dos compromissos assumidos quase 70 anos atrás.

 

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