Web Summit, no Rio de Janeiro: 6c3y12
A convite da mineradora Vale 3233t
Seu interesse óbvio é transformar sua atividade mineradora em instrumento de relações públicas.
A mineradora Vale convidou o fotógrafo Bob Wolfenson e a cantora Gaby Amarantos para conhecer “pessoas e projetos que fazem a diferença para manter a floresta em pé”. Não foram revelados os nomes das pessoas que teriam tido – ou terão - contato com os dois convidados, Mas o presidente da Vale, Gustavo Pimenta, tratou logo de informar que a empresa “pretende mostrar a potência criativa da região”.
A exibição será na próxima semana, durante a edição do Web Summit, no Rio de Janeiro. A Vale diz que promoverá “uma imersão na Amazônia vista por dentro e não só por cima da copa das árvores”. O estande da empresa irá mostrar a inovação presente na Amazônia “pelos olhos de quem vive nela”. O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, falará sobre a importância do minério para as tecnologias do futuro, fazendo uma conexão com a atuação da empresa na região.
O ponto alto será uma instalação equipada com sensores, “que projeta diferentes cores e desenhos quando o visitante interage com a estrutura”. A intenção é apresentar “como a mineração está presente em quase tudo que o público verá ao longo da programação do evento”.
“Sem minérios não seria possível produzir os chips das unidades de processamento de Inteligência Artificial, as baterias dos carros elétricos, o corpo das torres de energia eólica ou nem mesmo equipamentos do nosso dia a dia, como os telefones celulares”.
A instalação, em formato de árvore com uma grande copa em LED, com altura de 4,5 metros e largura de 7,5 metros, “e intervenções de três representantes da nova geração de artistas paraenses” que será a principal atração do estande da Vale, O trabalho é assinado pelos artistas Renata Segtowick, Filipe Almeida e Yan Bentes.
O estande da Vale também fará uma exposição de fotos e vídeos do projeto que levou Bob e Gaby Amarantos a conhecer “iniciativas de bioeconomia apoiadas pela empresa, que aliam desenvolvimento econômico com proteção da floresta. Os dois artistas “contarão o que aprenderam nessa jornada”.
Ambos os artistas certamente darão o seu testemunho sobre o que viram, mas eles não são exatamente os profissionais habilitados para fazer uma avaliação consistente sobre o que conheceram.
Por que não foi convidado nenhum especialista em florestas e na sua relação com a ocupação da região por outras formas de exploração dos recursos naturais. Ou um nativo capacitado? Não é, evidentemente, o que a Vale pretende mostrar. Seu interesse óbvio é transformar sua atividade mineradora em instrumento de relações públicas.
Nem é novidade a sua “instalação”. Trinta anos atrás, o Museu de Ciência de Barcelona plantou em seus domínios uma árvore da Amazônia e a mantém viva. Também criou um programa de computador que permitia aos visitantes observar a floresta amazônica de três perspectivas: no chão, na copa das árvores e através de satélites. Isso, na época, foi o que, agora, a Vale busca: a inovação, a serviço de marketing. Uma amostra do que será a COP 30 dos bwanas.
Nota do editor:
Nosso colaborador agradece pelo alerta sobre a incorreção da data na sua matéria. O evento da mineradora aconteceu em abril e não em maio. Lúcio observa, porém, que um mês a menos não invalida a análise. Pode até servir a outra conclusão: o silêncio da Vale em relação ao tema analisado. Principalmente quando criticada.