Gov desmatamento


Metade da produção agrícola perdida com a estiagem foi financiada 31g1f

Sílvia Vieira, Repórter de O EstadoNet - 12/01/2016

Produção agrícola na região foi afetada por falta de chuvas. -

A deficiência hídrica prolongada na região provocou a perda de grande parte da produção agrícola dos municípios de Santarém, Belterra e Mojuí dos Campos, principalmente de culturas permanentes. Açaizais, plantações de pupunha, citrus e até pimenta do reino morreram devido à escassez de chuvas. Agora a preocupação dos produtores se volta para o pagamento dos financiamentos contraídos junto às instituições bancárias para a safra 2014.

“Estamos muito preocupados porque vai faltar muitos produtos na mesa da nossa população. E além de faltar a produção ainda tem o prejuízo daqueles que pegaram financiamento. O que a gente pode avaliar é que de 40% a 50% do que vem para nossa mesa são financiados. Então, essa é nossa maior preocupação porque os produtores não vão ter como pagar esses compromissos. Mas eu acredito que em parceria com os governos dos municípios nós vamos ter apoio para solucionar esse problema”, disse Ladilson Amaral, secretário de política agrárias, agrícolas e meio ambiente do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém.

Ladilson juntamente com representantes de cooperativas, associações de produtores, técnicos de extensão rural, pesquisadores da Embrapa e representantes dos municípios de Santarém, Belterra e Mojuí dos Campos participam de uma reunião de emergência convocada pela Semap (Secretaria Municipal de Agricultura e Incentivo à Produção Familiar) para elaborar um Plano Emergencial contra a Seca.

“Muitos produtores nos procuraram nos últimos dias, além de sindicatos, cooperativas e associações de produtores, pedindo apoio do município para ajudar a solucionar essa crise que abateu sobre o meio rural. Os produtores estão perdendo as suas safras, principalmente as culturas permanentes, e muitos tiravam o seu sustento daí, como é o caso das frutas, e até mesmo das culturas temporárias, como as hortaliças. Muitos deles têm débitos em instituições bancárias e estão preocupados porque com a perda das safras não terão como honrar o pagamento das parcelas do financiamento. Nós elaboramos propostas em conjunto e agora vamos submeter ao GGI para que se defina o que pode ser feito”, informou Rosivaldo Colares, titular da Semap.

A reunião do GGI será no dia 28, às 14h30, no Ciam. Entre as propostas que serão apresentadas constam: Priorização da liberação de outorga d’água; apropriação e divulgação da Lei 10.438, que fornece descontos na tarifa de irrigação noturna que podem variar de 73% a 90%; elaboração de um plano de desenvolvimento sustentável além de minimizar os impactos das variações climáticas, priorizando sistema de produção integrados; implantação de sistemas agroflorestais; aquisição de mudas frutíferas e sementes adaptadas aos respectivos agrossistemas, para doar às famílias impactadas com a seca; articulação política para o ao seguro rural; apoio para implantação de sistemas de irrigação; incentivar a preservação e manutenção das águas superficiais, entre outras.

Irrigação

A irrigação foi um tema recorrente na reunião para elaboração de um plano emergencial contra a seca. Mas, de acordo com Lucieta Martorano, pesquisadora da Embrapa na área de Agrometeorologia, é preciso ter muito cuidado quando se fala em irrigação na Amazônia. Segundo ela, a irrigação tem embasamento científico para repor a quantidade de água que a planta está necessitando. Mas, pode se banalizar, aí é preciso ter muito cuidado, porque o produtor pode estar repondo água na quantidade que a planta necessita ao dia, ou pode estar jogando água sem um controle, prejudicando pequenos agricultores, pequenas comunidades ribeirinhas. Por isso é preciso cuidado com a pegada hídrica que é um indicador de sustentabilidade.

“Nós temos que utilizar um sistema de produção que aumente a capacidade de armazenamento de água no solo. Um sistema agroflorestal ou uma palhada vão mantendo a umidade que demora um tempo para a planta entrar em necessidade de reposição hídrica. Agora, se você joga a água sem ter um controle, você pode estar assoreando o seu filete de rio e isso vai ser um grande problema porque as pessoas não têm cuidado com as nascentes das suas propriedades. Querem colocar as culturas, muitas vezes retiram as matas ciliares e aquela nascente fica exposta, o que vai provocar o assoreamento do rio”, alerta a pesquisadora.

Lucieta disse ao Portal O EstadoNet que no projeto Robin se verificou que a soja da região não precisa de irrigação porque ela é produzida na época em que tem maior oferta hídrica.

Sobre a resistência das plantas a períodos de extremos climáticos, Lucieta explicou que depende de onde está o sistema radicular da planta. Determinadas espécies têm estratégia de sobrevivência. Por exemplo, quando deu o primeiro momento de estiagem, em que a quantidade de água daquela cultura foi maior que a quantidade potencial daquela região - Evapotranspiração potencial – ela começa a entrar em estresse hídrico. Quando isso acontece, algumas plantas têm estratégia de fechamento de estômato para segurar água e jogam as folhas antigas. “As plantas com raiz mais profunda conseguem pegar água dos filetes e conseguem ar a deficiência hídrica. Já as plantas com raízes mais curtas como os citrus (laranja, tangerina e limão), palmeiras (açaí, pupunha) e abacaxi não têm estratégia de pegar água lá em baixo e por isso não am uma estiagem prolongada como essa que está ocorrendo na região”, finalizou.




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