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Fazendeiro de Uruará acumula cerca de R$ 9 milhões em multas por crimes ambientais na Amazônia 22674n

PORTAL OESTADONET - 05/05/2025

Wanderson Soares - Créditos: Redes Sociais / Arquivo

 

 

 

O fazendeiro Wanderson Soares, do município de Uruará, sudoeste do Pará, tornou-se um dos principais alvos das ações de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia neste ano. Só entre os dias 17 e 19 de março de 2025, ele recebeu multas que somam R$ 8.719.000,00, aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), como resultado das investigações da Operação '8 Segundos', deflagrada com apoio da Força Nacional de Segurança, nos limites dos municípios de Santarém e Uruará, no oeste do Pará.

 

A ofensiva teve como foco áreas críticas de desmatamento nos municípios de Santarém, Mojuí dos Campos, Belterra e Uruará, onde a grilagem de terras públicas, a devastação florestal e a criação ilegal de gado seguem avançando sobre a floresta. Em Uruará, o caso de Wanderson ganhou destaque após a obstrução no km 110 da rodovia Transuruará (PA-370), ocorrida no dia 18 de março, durante a tentativa do Ibama de apreender rebanhos criados ilegalmente em terras embargadas.

 

Na útima sexta-feira(2) a rodovia estadual voltou a ser bloqueada, agora no km 85. Novamente, produtores rurais que invadiram lotes do Projeto de Assentamento Chapadão, em área distinta de onde ocorreram os protestos de abril,  denunciam arbitrariedades diante das mais recentes operações do Ibama. Há suspeita que o movimento é insuflado por fazendeiros da região que usam pequenos produtores, que fazem plantações em áreas embargadas, para entrar na linha de frente dos protestos e interromper o tráfego de veículos na PA-370. O Portal OESTADONET apurou que esses pequenos produtores receberam permissões de grileiros para usar a terra para plantio como forma de manter a posse para os pecuaristas e madeireiros. Por isso, acabam sendo alvo dos agentes de fiscalização dos órgãos ambientais.

 

Segundo o Ibama, 750 cabeças de gado foram apreendidas em uma propriedade de Wanderson Soares localizada na região conhecida como Chapadão, área marcada por intensos conflitos fundiários e ambientais. O pecuarista foi multado em R$ 3.020.000,00 por manter os animais na área mesmo após ter sido notificado oficialmente para retirá-los.

 

Além dessa autuação, outras multas foram aplicadas ao fazendeiro:

 

R$ 2.020.000,00 em 17 de março

R$ 2.754.000,00 em 17 de março

R$ 925.000,00 em 19 de março

 

No mês seguinte, em 7 de abril, Wanderson Soares foi preso pela Delegacia Especializada de Conflitos Agrários (DECA) de Altamira, durante a chamada Operação Pecuária Paralela. Ele é investigado por diversos crimes, incluindo ocultação de patrimônio, lavagem de dinheiro e comercialização de bovinos oriundos de áreas embargadas pelo próprio Ibama. A criação ilegal de gado é considerada uma das maiores frentes de avanço do desmatamento na Amazônia, e operações como essas visam desarticular a cadeia econômica que sustenta a devastação.

 

O Portal OESTADONET apurou, também, que os protestos na PA-370 teriam sido motivados pela ação de grileiros para impedir ação do INCRA que visa regualização fundiária no assentamento Chapadão, criado em 2024, onde cerca de 230 famílias assentadas pelo órgão esperam por emissão do título de propriedade há vários anos. Uma parte da área de 2.900 hectares foi invadida pelos grileiros.

 

Com o fechamento da rodovia, os manifestantes visam impedir o o dos técnicos ao assentamento. Os trabalhos de campo começariam nesta segunda-feira(5).

 

A reportagem tenta contato com o INCRA para saber o posicionamento da autarquia.

 

Nota da redação:

Este texto foi atualizado às 11h30 para suprimir menção ao nome de Wanderson Soares ao protesto que interdita a PA-370, desde o último dia 2. Ao contrário do que foi anteriormente divulgado, Wanderson Soares não tem ligação nem é mentor do protesto.

 

Segue abaixo, direito de resposta requerido pela defesa de Wanderson Soares:

 

 

NOTA DE ESCLARECIMENTO E DIREITO DE RESPOSTA DE WANDERSON SOARES

 

Em relação à matéria intitulada "Grilagem de terras: Fazendeiro de Uruará acumula cerca de R$ 9 milhões em multas por crimes ambientais na Amazônia", publicada por este Portal OEstadoNet em 05 de maio de 2025, venho a público, no exercício do meu legítimo direito de resposta, assegurado pela Constituição Federal e pela Lei nº 13.188/2015, esclarecer e retificar informação inverídica veiculada a meu respeito.

A referida matéria, ao noticiar o bloqueio da rodovia PA-370 ocorrido no dia 02 de maio de 2025, no km 85, supostamente para impedir ação do INCRA, afirma que eu, Wanderson Soares, "seria um dos mentores dos protestos".

A matéria afirma também que eu seria um dos líderes dos protestos contra o IBAMA ocorridos na região do Chapadão.

Estas afirmações são absolutamente inverídicas. Nego, de forma categórica e veemente, qualquer tipo de participação, seja como mentor, articulador, incentivador ou financiador, no bloqueio da rodovia PA-370 ocorrido no dia 02 de maio de 2025, no km 85, ou em qualquer outro ato relacionado ao impedimento de ações do INCRA ou do IBAMA na região do Chapadão.

Não possuo qualquer envolvimento com a organização ou execução dos referidos protestos. A associação do meu nome à mentoria destes é leviana, infundada e não corresponde à realidade dos fatos, tratando-se de uma ilação prejudicial à minha imagem e reputação, extrapolando os limites da informação, configurando ofensa à minha honra, caracterizando, em tese, o crime de calúnia.

Ressalto que no âmbito das investigações em andamento venho colaborando com a justiça para o esclarecimento dos fatos e que as sanções aplicadas pelo IBAMA já estão sendo devidamente contestadas nas instâncias cabíveis, onde exerço o direito ao contraditório e à ampla defesa que são garantidos pela Constituição da República Federativa do Brasil.

 

Uruará, Pará, 05 de maio de 2025.

WANDERSON SOARES




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