Mais de 50 entidades assinam nota de repúdio e pedem cassação do vereador Malaquias Mottin em Santarém j3q6
Malaquias faz pose em frente à mangueira centenária que pode ter sido envenenada e não apenas afetada por fezes de garças -
Créditos: Reprodução/redes sociais
Mais de 50 instituições am um contundente manifesto de repúdio contra o vereador Malaquias Mottin (PL), exigindo a cassação do seu mandato por conta de declarações consideradas ofensivas e de propostas que, segundo o documento, atentam contra o meio ambiente, o patrimônio histórico e a ética no serviço público.
“Quem odeia árvore, odeia gente! Fora Malaquias!”. Essa é frase do manifesto compartilhado nas redes sociais e assinado por representantes de entidades da sociedade civil organizada, movimentos sociais, sindicatos, coletivos juvenis, organizações indígenas, estudantis e ambientais.
O documento no entanto, ignora as atitudes do parlamentar que podem se configurar em quebra de decoro,como declarações ofensivas à honra de servidores do Ibama e ao trabalho de fiscalização do órgão ambiental federal.
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O estopim da revolta contra o parlamentar bolsonarista foi a recente proposta do vereador de derrubar mangueiras centenárias localizadas em ruas e praças da cidade. O argumento de Mottin gira em torno do incômodo causado pelas garças que habitam essas árvores, mas sua fala gerou indignação por ignorar o valor histórico, ambiental e cultural dessas espécies arbóreas, além de desrespeitar a convivência tradicional da população santarena com a natureza.
“Essas árvores centenárias não são apenas elementos da paisagem urbana — são parte viva da história, da cultura e da identidade de nossa cidade. [...] A proposta de eliminá-las revela não apenas uma desconexão total com a realidade socioambiental da região, mas também um profundo desrespeito à população santarena”, diz trecho da nota.
Além da defesa veemente das mangueiras e da fauna que nelas habita, a nota manifesta solidariedade à promotora de Justiça da 13ª Promotoria de Santarém, Dra. Lilian Braga, que foi publicamente atacada por Mottin. O vereador se referiu à promotora como “demagoga” e “utópica” por conta de sua atuação na defesa ambiental — o que foi duramente criticado pelas entidades signatárias, que acusam o parlamentar de ofender agentes públicos que cumprem seu dever constitucional de proteção ao patrimônio coletivo.
O manifesto cobra uma resposta imediata da Câmara de Vereadores de Santarém, pedindo que a Comissão de Ética instaure um processo disciplinar e que o plenário da Casa delibere sobre a cassação do mandato de Malaquias Mottin.
“Diante da violação dos deveres parlamentares e do desrespeito aos princípios da ética e da moralidade pública, requeremos, com veemência, a cassação do mandato do referido vereador, como forma de preservar a honra do Legislativo santareno e reafirmar o compromisso com o respeito institucional e com a democracia”, reforça o documento.
A nota é assinada por 50 organizações e coletivos, entre eles o Movimento Tapajós Vivo, o Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (CITA), o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém (STTR), o Diretório Central dos Estudantes da UFOPA, o Partido dos Trabalhadores (PT), o PSOL, o PCdoB, o PV, a União Nacional dos Estudantes (UNE), a CUT, entre outros.
A mobilização cresce nas redes sociais com a hashtag #MangueiraEmPé, que já é utilizada por ambientalistas e moradores da cidade em defesa das árvores e da fauna urbana.
O episódio acontece em meio a uma crescente tensão entre setores políticos conservadores e movimentos socioambientais em Santarém, município que enfrenta desafios com a urbanização desordenada, o desmatamento e o avanço de grandes empreendimentos econômicos sobre áreas naturais.
A população aguarda um posicionamento da presidência da Câmara Municipal, que ainda não se pronunciou sobre o caso.