A Justiça santarena u2m2b
Visão da Praça Rodrigues dos Santos e de parte da frente da cidade de Santarém na década de 1930. Pode-se ver parte do -
Créditos: Foto: Apolônio Fona.
O primeiro número do jornal A Justiça, “o órgão dos interesses coletivos”, começou a circular em Santarém em dezembro de 1930, logo depois da revolução que derrubou o presidente Washington Luís, colocou Getúlio Vargas no poder e mudou o Brasil. O redator-responsável era Magno Rodrigues, Silvério Sirotheau Corrêa era o redator-gerente e Antônio Guimarães o . A edição inaugural se esgotou logo, “uma prova da sua boa aceitação pelo público”, anunciou o jornal no seu segundo número, que continha os seguintes anúncios e notícias:
Seu principal redator, Magno Rodrigues, faria uma “palestra cívica” dominical, à tarde, no Teatro Vitória, com um tema ousado: “Um pouco de tudo”. Seria “dedicada às altas autoridades e à mocidade santarena”. Dela participariam Trajano Mota, Joaquim Toscano, Gustavo Sirotheau e Apolônio Fona.
Apolônio, aliás, anunciava que para a sua casa Agfa chegara “completo sortimento de materiais fotográficos”. O fotógrafo aceitava chamados a domicílios.
A “Porta Larga” convidava os leitores a “adquirir e conservar o hábito de comprar livros” em seu estabelecimento, que “constantemente está recebendo da Companhia Editora Nacional, de São Paulo”. As comunicações ainda eram precárias no Brasil, mas parecia que se lia mais.
Na rua Lauro Sodré, as costureiras podiam obter sua máquina Singer “por contrato de locação”, com uma entrada de 100 mil réis e mensalidade de 30 mil réis. E podiam ficar seguras: “O nome garante o produto”.
Na Farmácia Amazonas, de Joaquim Braga & Filho, na rua do Comércio, “encontrarão os facultativos e o público em geral todo o cuidado na manipulação de suas receitas, preparadas com o melhor preceito da arte, prontidão, asseio e modicidade nos preços”. O serviço de receituário estava a cargo do farmacêutico Hito Braga. A farmácia contava ainda com “um bem montado consultório, onde podem ser feitas pequenas operações cirúrgicas”.
O secretário da prefeitura, Adolfo Bentes, anunciava que, por “ordem expressa” do prefeito, *coronel Pinto Brandão, ficava proibida “a manutenção de porcos, carneiros, cabras, cavalos e outros animais nas vias públicas e casas de moradia compreendidas dentro do perímetro urbano”. Os donos dos animais teriam prazo de oito dias para retirá-los da cidade.
A prefeitura também “convidava” os devedores do imposto predial a quitar seus débitos “dentro do prazo improrrogável de 30 dias, sob pena de em caso de desobediência serem seus débitos cobrados judicialmente”. Quem devesse até 100 mil réis teria desconto de 10%, de 20% até 500 mil réis e de 30% acima desse valor. A maior dívida desse imposto, de pouco mais de um mil contos de réis, era dos herdeiros de Francisco Caetano Corrêa. Outros débitos grandes também eram cobrados de herdeiros de donos de propriedades imobiliárias, como os de Antônio Rebelo (576 mil réis) e Joaquim Coelho (403 mil réis).
A revista O Cruzeiro anunciava que um número especial da revista, extra-série, “consagrada à Revolução de Outubro”, seria vendida pelas “agências de revistas desta cidade”.
O jornal informava que “acha-se entre nós, em pleno gozo de suas funções, o sr. dr. Fernando Cruz, DD Juiz de Direito desta Comarca, recentemente nomeado pelo Cel. Interventor do Estado”, que era o capitão Magalhães Barata.
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* Santarém começou o mês de outubro de 1930, tendo como Intendente Municipal o coronel Joaquim de Vasconcelos Braga, que desde 1924 vinha regendo o município. No dia 10 de outubro ele deixa efetivamente o cargo de Intendente e o a para as mãos do sr. Aureliano Imbiriba, presidente do Conselho de Intendência que assume como último Intendente interino de Santarém. Nesse mesmo dia o Governador do Pará, Eurico Vale, nomeia para o cargo de Intendente o dr. Oswaldo Caheté que já havia tentado concorrer ao cargo em 1918 (mas perdeu para o dr. Waldomiro Rodrigues dos Santos). E, novamente, não chegaria a assumir a função, pois a 24 de outubro eclode o golpe que deu início à ditadura Vargas.
Santarém deixaria de ter Intendente e aria a ter um Prefeito Municipal na pessoa do coronel Antônio Pinto Brandão que ocupou o cargo de 30 de outubro até 24 de janeiro de 1931, sendo substituído por Ildefonso Almeida que assumiu o cargo a 26 de janeiro de 1931. O coronel Antônio Pinto Brandão foi nomeado interventor em Faro pelo governador Magalhães Barata.(Fonte: Sidney Canto)