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O fracasso do plantio de borracha, antes e depois de Henry Ford 6l2p18

Editor: Lúcio Flávio Pinto - Miguel Oliveira/Redator interino - 23/02/2025

Seringueiros voltam do trabalho em Belterra, no Pará, em 1953 - Créditos: Foto: IBGE / BBC News Brasil

 

 

 

 

No Brasil, especificamente, bem antes de Henry Wickham levar, dia 29 de maio 1876, as 74 mil sementes de seringueira da Amazônia, já existiam relatórios de autoridades e cientistas recomendando o plantio da borracha nas terras do Pará e do Amazonas.

 

 

 


Henry Wickham posa ao lado de uma seringueira plantada

 

 

 

A primeira recomendação partiu de Gustavo Capanema que, sendo membro da comissão brasileira da Exposição Universal da Borracha em 1856, impressionou-se com os esforços holandeses no sentido de cultivar, na ilha de Java, a cinchona ( a planta medicinal usada para tratar malária, febre, dores e arritmias ), na tentativa de monopolizar a produção mundial de quinina.

 

 


Gustavo Capanema

 

 

 

E AS EDIÇÕES ANTERIORES DE MEMÓRIA DE SANTARÉM

 

 

A partir de 1910 a demanda mundial pela borracha de Ceilão e Malásia dispara. Isso foi determinante para influenciar a iniciativas de plantar borracha racionalmente.

 

 

 


Jerônimo Francisco Coelho, presidente da Província do Grão Pará

 

 

Jerônimo Francisco Coelho, presidente da Província do Grão Pará  já manifestava a preocupação com as plantações do Oriente, tanto que em 14 de agosto de 1911, no Rio de Janeiro, promove o Primeiro Congresso da Borracha.

 

 

A farsa da borracha se repete com o minério, um século depois

 

 

Em 5 de janeiro de 1912 foi o Plano de Defesa da Borracha que, em linhas gerais, visava proteger o produto pelo qual toda a realidade econômica, social e cultural de Belém e Manaus orbitavam. Baixaram-se isenção total de impostos e de taxas de importação para máquinas e outros utensílios empregados na extração da seringa.

 

Nesta época, incentivava-se o plantio da seringueira – coisa rara até então.

 

 

 

 

 

 

 

Até o final deste ano foram inscritos 63 agricultores para plantar 6.468.500 seringueiras contra 2.325.900 cacaueiros.

 

O município de maior inscrição era Curralinho. Até o final deste ano os municípios que tinham o maior número de seringueiras plantadas eram Santarém, com 130 mil, Belém, com 50 mil, e Anajás, com 40 mil.

 

As inscrições estimuladas pela União eram feitas, principalmente, por empresas, como a Diamantina Rubber, de Santarém, que se propunham a plantar um milhão de seringueiras contra 500 mil de cacau. O plano fomentava a vinda de imigrantes, a industrialização da região e até a pesca – e para cada um destes itens apresentava um objetivo sempre focando a realidade da borracha.

 

Em que pese o grande entusiasmo gerado, o Plano não deu certo. Os recursos para gerenciar tão grande empreendimento – salvar e reforçar a atuação da borracha na Amazônia – foram poucos, ou seja, apenas 8 mil contos, contra o necessário que deveria ser quatro vezes mais. A questão da gestão também influenciou no desastre – ora, a sede escolhida para a Superintendência da Borracha ficava no Rio de Janeiro e não no centro da crise (Belém e Manaus).

 

A segunda tentativa de plantio de serigueiras originou os enclaves de Henry Ford, em Fordlância e Belterra, no vale do rio Tapajós.

 

 

 


Plantação de seringuerias, em Fordlândia, em 1931 - Créditos: Blog do Padre Sidney Canto

 

 

 

Em julho de 1927, um milhão de hectares de terras foram adquiridos por Jorge Dumont Villares, e W.L. Reves Blakeley, conta o historiador santareno Cristóvan Sena, diretor do Instituto Cultural Boanerges Sena(ICBS), com sede em Santarém:

 

"Adquirida a terra, o o seguinte foi construir a cidade que iria dar e à plantation e que recebeu o nome de Fordlândia, localizada à margem direita do Rio Tapajós, na bacia do Rio Cupari, dentro dos municípios de Aveiro e Itaituba, numa comunidade denominada Boa Vista.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fordlândia seria a primeira “cidade empresa” edificada na Amazônia, criada para garantir a lógica produtiva dos grandes projetos, provocando verdadeira revolução na realidade local e regional, transformando as relações de trabalho e a vida social dos seus habitantes.
Iniciado o plantio, em pouco tempo as árvores foram atacadas pelo inimigo número um das seringueiras, o “Mal das Folhas”, doença causada pelo fungo Microcyclus ulei, até então desconhecido dos americanos de Fordlândia.
Observando que o que plantavam era dizimado pelo fungo, no da 04 de maio de 1934, a Companhia formalizou com o Estado a permuta de uma área de 281 mil hectares, por outra de igual tamanho, no município de Santarém, onde edificaram outra cidade, Belterra, e começaram novo plantio racional de seringueiras.
Seis anos depois de ter chegado a Fordlândia, a Companhia reiniciava do zero seu projeto de produzir borracha na Amazônia.

 

 

 


Seringueiros voltam do trabalho em Belterra, no Pará, em 1953. Foto: IBGE / BBC News Brasil


 

Em Belterra, o seringal também foi atacado pelo “Mal das Folhas”. Mas a utilização de práticas de manejo como seleção de sementes, utilização de clones resistentes, enxertia de copa e controle com fungicidas, fizeram com que o seringal asse a conviver com o Microcyclus.
Em 1941 as primeiras seringueiras plantadas em Belterra começaram a ser exploradas, mas a produtividade extremamente baixa associada ao alto custo de produção da borracha jogou um balde de água fria no entusiasmo dos es da Companhia.
No período em que ou em Belterra, pouco mais de dez anos, a Companhia desmatou cerca de 8 mil hectares de terras.
A presença da Ford Motor Co. na Amazônia durou 18 anos (1927-1945). Em 1945, o neto de Henry Ford que já estava à frente do projeto resolveu desistir do empreendimento, imputando ao fungo e a problemas com trabalhadores a responsabilidade pela retirada."

 

 

Fonte: Rinaldo Ribeiro Moraes

e:  https://1library.org/document/yroer1oy-a-navegacao-regional-como-mecanismo-transformacao-economia-borracha.html

 




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