Vereador Malaquias(PL) nega aquecimento global e contaminação do Rio Tapajós, em discurso polêmico 1v4v6n
Vereadores Malaquias Mollin(PL) e Biga Kalahare(PT) se enfrentam por posições sobre aquecimento global e contaminação de rios por mercúrio -
Créditos: Reprodução/Youtube/Câmara de Santarém
O vereador bolsonarista Malaquias Mottin (PL), gerou polêmica ao negar, na tarde desta quarta-feira (12), durante sessão na Câmara Municipal de Santarém, no oeste do Pará, a existência do aquecimento global e da contaminação do Rio Tapajós por mercúrio. As declarações, feitas sem qualquer base científica, foram amplamente criticadas nas redes sociais e também pelo vereador do PT, Biga Kalahare.
Durante sua fala, o vereador afirmou que “a questão climatológica é só narrativa, aquecimento global é só narrativa, não existe comprovação técnica”. Ele ainda negou a presença de mercúrio no Rio Tapajós, atribuindo as denúncias às organizações não governamentais (ONGs), que, segundo ele, estariam promovendo uma "balela" para barrar o desenvolvimento da região.
“Isso é balela de ONG para impedir o nosso desenvolvimento. Mata em pé povo pobre”, declarou Malaquias.
O discurso negacionista foi elogiado pelo vereador Elielton Lira, que parabenizou Mottin por seu “posicionamento”.
A declaração provocou rechaço imediato de outros parlamentares. O vereador Biga Kalahare, por exemplo, condenou as falas e afirmou que o Poder Legislativo não pode compactuar com o negacionismo. “Não é aceitável que essa Casa permita esse tipo de discurso. Os cientistas estão errados? Pessoas que estudaram e têm conhecimento de fato estão erradas? O aquecimento global é real e nós estamos sofrendo as consequências dele”, afirmou Biga.
As falas de Mottin ignoram um vasto acervo de pesquisas científicas que comprovam os efeitos do aquecimento global e os impactos do mercúrio no Rio Tapajós. Instituições como a NASA, a ONU e universidades renomadas demonstram, com dados concretos, que o planeta enfrenta um aumento alarmante das temperaturas devido à queima de combustíveis fósseis e ao desmatamento. Ondas de calor, secas, enchentes e incêndios florestais recordes são evidências dessa crise.
No caso do Rio Tapajós, estudos da Fiocruz e do Instituto Evandro Chagas comprovam contaminação por mercúrio em níveis preocupantes. O metal pesado, usado na mineração ilegal de ouro, se acumula nos peixes e impacta diretamente a saúde de comunidades ribeirinhas e indígenas, causando doenças graves, como problemas neurológicos e transtornos do desenvolvimento infantil.
A propagação de negacionismo climático e ambiental por parte de políticos como Mottin não apenas desinforma a população, mas também representa um risco para a formulação de políticas públicas eficazes. Discursos como esse favorecem o avanço do garimpo ilegal, enfraquecem medidas de proteção ambiental e colocam em risco milhares de pessoas que dependem da floresta e dos rios para sua sobrevivência.
Negar a crise climática e os impactos da mineração ilegal não é opinião, mas sim um ataque às evidências científicas e às comunidades que sofrem diariamente com esses problemas. A responsabilidade dos parlamentares é trabalhar por soluções reais, e não disseminar narrativas que favorecem apenas interesses econômicos de poucos em detrimento da maioria.