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Pesquisa que desenvolve o isolamento de bactérias da Amazônia vai beneficiar indústria, agricultura e estimular o uso sustentável da floresta 6812k

PORTAL OESTADONET, com informações da Biotec-Amazônia - 28/01/2025

Material coletado em solo de floresta Amazônica por pesquisadores do CNPEM e UFPA - Créditos: https://dorispinheiro.com.br

 

 

 

 

​Um estudo foi desenvolvido em parceria entre os pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais - CNPEM, da Instituição de Ciência e Tecnologia BioTec-Amazônia e da Universidade Federal do Pará – UFPA  pode ser usado no desenvolvimento de novos antibióticos e antitumorais que vai beneficiar indústria, agricultura e estimular o uso sustentável da floresta. 


​De acordo com o pesquisador Artur Luiz da Costa da Silva, docente titular da Universidade Federal do Pará (UFPA), diretor técnico-científico da BioTec-Amazônia e coordenador da parceria pela UFPA e BioTec-Amazônia, o trabalho faz parte de um esforço maior para criar um centro de pesquisa multiusuário na UFPA, apoiado pelo CNPEM e por projetos nacionais como o Iwasa’i, recentemente implementado no contexto da chamada CNPq/MCTI/FNDCT Nº 19/2024 – Centros Avançados em Áreas Estratégicas para o Desenvolvimento Sustentável da Região Amazônica – Pro-Amazônia. “O Iwasa’i dará o a tecnologias de ponta para cientistas da região amazônica, incentivando o uso sustentável da biodiversidade amazônica e colocando o Brasil na liderança de descobertas e desenvolvimentos tecnológicos importantes”, afirmou Artur Silva.  


​Esses resultados destacam o enorme potencial das bactérias amazônicas para a produção de novas moléculas, com aplicações promissoras na solução de desafios relacionados à saúde e ao meio ambiente. Muitas dessas informações são inéditas e ainda não haviam sido descobertas pela ciência. Isso mostra o quanto ainda podemos aprender sobre as bactérias da Amazônia, que guardam segredos importantes para a geração de novos medicamentos e biotecnologias.
 

​A pesquisa sobre o potencial biossintético de bactérias isoladas na Amazônia abre caminhos promissores para o desenvolvimento de novos antibióticos e antitumorais.  


​A pesquisa analisou detalhadamente micro-organismos presentes no solo de uma unidade de conservação da região. Além das aplicações medicinais. As descobertas têm potencial para gerar impactos positivos na indústria, na agricultura e no aproveitamento sustentável dos recursos biológicos da floresta amazônica. 


​O grupo de pesquisadores investigou três espécies bacterianas das lasses Actinomycetes e Bacilli, isoladas de solo da Amazônia, compreendendo bactérias do gênero Streptomyces, Rhodococcus e Brevibacillus. A avaliação do potencial biossintético do material extraído revelou que mais da metade dos genes era desconhecida. Esses resultados destacam o enorme potencial das bactérias amazônicas para a produção de novas moléculas, com aplicações promissoras na solução de desafios relacionados à saúde e ao meio ambiente. 


“O grande diferencial do estudo foi o mapeamento do DNA dessas bactérias, o que permitiu identificar genes das enzimas responsáveis pela fabricação dessas substâncias. Muitas dessas informações são inéditas e ainda não haviam sido descobertas pela ciência. Isso mostra o quanto ainda podemos aprender sobre as bactérias da Amazônia, que guardam segredos importantes para a geração de novos medicamentos e biotecnologias”, disse a pesquisadora Daniela Trivella, coordenadora de Descoberta de Fármacos do LNBio (Laboratório Nacional de Biociências).


​“Os agrupamentos de genes biossintéticos são responsáveis pela produção de substâncias com potencial biológico, como medicamentos. Mesmo em organismos já estudados, como as bactérias do gênero Streptomyces, vimos que ainda há muitas substâncias desconhecidas nos exemplares isolados do solo da Amazônia. Isso mostra como o ecossistema é essencial para novas descobertas.  
         

A Amazônia, nesse sentido, continua sendo uma área rica e pouco explorada para desenvolver novos produtos”, explicou o pesquisador Rafael Baraúna (Laboratório de Engenharia Biológica  (EngBio-UFPA), que coordenou o trabalho pela UFPA, na parceria com o CNPEM e a BioTec-Amazônia, que tem acordo de cooperação firmado com o CNPEM desde maio de 2020.


  Além disso, os pesquisadores usaram uma técnica avançada chamada metabologenômica. Essa abordagem conecta as substâncias que as bactérias produzem aos genes que permitem sua fabricação. Com isso, abre-se a possibilidade de replicar essas moléculas em laboratório, usando tecnologias que podem aumentar a produção de forma sustentável, usando rotas biotecnológicas.


​Outra novidade da pesquisa foi “o uso de uma tecnologia inédita na América Latina, o sequenciador PromethION, da Oxford Nanopore (Reino Unido), que se destaca por gerar leituras de alta qualidade, permitindo o sequenciamento de genomas complexos com alta produção de dados e baixo custo. A tecnologia de sequenciamento baseada em nanoporos permite a análise em tempo real e a leitura direta de DNA. Além disso, sua portabilidade e flexibilidade o tornam adequado para aplicações em laboratório e campo” — destaca Diego Assis das Graças, responsável pelos sequenciamentos no Laboratório de Engenharia Biológica – EngBio, que faz parte da Rede de Laboratórios da BioTec-Amazônia, e um dos autores do artigo.

 

Colaboração entre instituições
 
​O estudo também é um exemplo de união entre o CNPEM, a UFPA e a ICT BioTec-Amazônia que tem acordo de cooperação firmado tanto com a UFPA quanto com o CNPEM .


​A então estudante de doutorado Ana Carolina Miranda de Oliveira, que integrou as duas instituições, combinou o conhecimento do programa de Genética e Biologia Molecular da UFPA e as ferramentas de sequenciamento genômico do EngBio, com tecnologias avançadas do CNPEM, como espectrometria de massas e softwares inovadores para metabolômica de produtos naturais.  
             

A doutoranda trabalhou sob orientação da professora Maria Paula Cruz Schneider, com co-orientação de Daniela Trivella (CNPEM).  

             

Paula Schneider é pesquisadora do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará  (UFPA) e atualmente é a presidente do Conselho de istração da BioTec-Amazônia. Ela é bióloga, geneticista e grande liderança científica da Amazônia, reconhecida nacionalmente, tendo recentemente sido agraciada com a Medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico, honraria entregue pela Presidência da República pela sua notória contribuição para a ciência brasileira.

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As pesquisas continuam, mas os primeiros resultados começam a ser divulgados: o artigo científico A metabologenomics approach reveals the unexplored biosynthetic potential of bacteria isolated from an Amazon Conservation Unit foi publicado em dezembro de 2024 na revista Microbiology Spectrum, da American Society of Microbiology (Link).
 
​Sobre o CNPEM 
 
​O CNPEM, que firmou acordo de cooperação com a BioTec-Amazônia em 2020, compõe um ambiente científico de fronteira, multiusuário e multidisciplinar, com ações em diferentes frentes do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). Organização social supervisionada pelo MCTI, o CNPEM é impulsionado por pesquisas que impactam as áreas de saúde, energia, materiais renováveis e sustentabilidade. Responsável pelo Sirius, maior equipamento científico já construído no Brasil, o CNPEM desenvolve o Projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. 
​O CNPEM opera os Laboratórios Nacionais de Luz Síncrotron (LNLS), Biociências (LNBio), Nanotecnologia (LNNano) e Biorrenováveis (LNBR), além da Ilum Escola de Ciência, um curso de bacharelado em Ciência e Tecnologia, com apoio do Ministério da Educação (MEC). 
 
 
​Sobre a BIOTEC-AMAZÔNIA
 
​A BioTec-Amazônia é um Centro de Inteligência em Bioeconomia que promove o uso sustentável da biodiversidade estadual e regional, aliando as demandas empresariais e o conhecimento científico/tecnológico.  A BioTec-Amazônia atua principalmente nos setores alimentício, cosmético, pecuária e mineração sustentável e desenvolve projetos que agregam valor aos produtos amazônicos, especialmente os relacionados à cadeia produtiva do cacau, açaí, palma de óleo, mandioca, pescado e aquicultura, cosmético e fármaco. 


​Como Centro de Inteligência em Bioeconomia, a BioTec-Amazônia também oferece serviços como relatórios de inteligência competitiva, análise da viabilidade de projetos, planos de negócios, desenvolvimento de produtos alimentícios com alto valor agregado, estudo de potencial de utilização de ativos para a indústria farmacêutica e de cosméticos, engenharia genética, novas tecnologias para o agronegócio, rastreabilidade e certificação de produtos.


​A BioTec-Amazônia é o 1º Centro de Desenvolvimento Regional (CDR) da Amazônia, reconhecido pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos – CGEE/MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, com foco na bioeconomia, tendo como alvos estratégicos o desenvolvimento do agronegócio e das tecnologias de alimentos; bioprodutos; saneamento básico; energia renovável e valoração dos serviços ecossistêmicos.
 
​O apoio à revitalização da UNAMAZ
 
​O presidente da BioTec-Amazônia, José Seixas Lourenço, a partir  de julho de 2023, na qualidade de Presidente Honorário da Associação de Universidades Amazônicas  - UNAMAZ, e a convite da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica – OTCA, foi escolhido como o coordenador responsável pelo trabalho de revitalização da UNAMAZ, que foi constituída em 18 de setembro de 1987, reunindo dezenas de Universidades e instituições de ciência, tecnologia e desenvolvimento dos oito países amazônicos.


​A partir de então, o Processo de Revitalização da Unamaz, conduzida por Seixas Lourenço, visa retomar, com vigor, a cooperação entre atores educacionais de todos os países da Amazônia.


​Nesta fase de refuncionalização, a Unamaz está sendo apoiada e acolhida com entusiasmo pelo Ministério da Educação- MEC, que promove esforços para colocar em prática a decisão do item 20 da Declaração Presidencial por ocasião da Cúpula da Amazônia – IV Reunião de Presidentes dos Estados Partes no Tratado de Cooperação Amazônica, realizada em 09 de agosto de 2023, em Belém, nos seguintes termos: “Retomar o diálogo e a cooperação entre a OTCA e a Associação das Universidades Amazônicas (UNAMAZ), espaço privilegiado para a gestão do conhecimento e da informação científica e tecnológica na Amazônia”. 


Esse trabalho de revitalização já caminha com muita robustez, o que permitirá que, após uma década de hibernação, a Associação de Universidades Amazônicas retome o diálogo entre os Países Amazônicos, reativando os mecanismos de cooperação e intercâmbio, com o objetivo de fortalecer seu relevante papel no embasamento científico e tecnológico das políticas públicas, especialmente dos programas e projetos voltados para o desenvolvimento sustentável da Pan-Amazônia.


Professor José Seixas Lourenço, fundador e atual presidente honorário da UNAMAZ já resgatou o histórico da Associação e estabeleceu algumas recomendações para seu funcionamento nesta fase de revitalização da sua governança, incluindo a promoção do intercâmbio universitário e das pesquisas científicas e tecnológicas entre os oito países amazônicos - Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.




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