Um jornal católico: O Mariano (final) 1t556k
Wilson Fonseca e Violeta Sirotheau -
Créditos: Arquivo
Segundo Ormano Queiroz de Souza, a tipografia católica inicialmente imprimiu um jornal não católico, o semanário Santarém, mas com participação de padres escrevendo nas páginas para assegurar espaço doutrinário. “O jornal tinha um viés político, tanto que um dos redatores era um deputado militar. Foi esse traço que, por pressão política, fez com que o bispo desautorizasse a impressão na imprensa católica, levando o jornal ao fim’, diz Ormano em sua dissertação de mestrado.
A influência da igreja e da guerra sobre a imprensa de Santarém
Na equipe inicial da redação do jornal constavam Osman Bentes, Ezeriel Mônico de Mattos e Miguel A. da Paixão, que era o secretário, como informa o primeiro número. Mas logo em seguida assumiu o ainda jovem Wilson Dias da Fonseca, o Isoca. Dentre os colaboradores do jornal católico estava uma mulher, que exerceu o cargo de prefeita de Santarém: Violeta Moreira Sirotheau. Ela escrevia na folha mariana local desde a primeira edição.
Violeta assumiu a prefeitura após a morte do prefeito João Nogueira, em 1935, quando era secretária-contadora da prefeitura.
Em seu segundo número, publicado em 25 de agosto de 1935, constava a informação de que o primeiro número de O Mariano se esgotara. Para os editores, o fato de ter se esgotado todos os exemplares de lançamento pressupunha a opção do leitor santareno por uma “boa imprensa”. Ao se autodenominar “boa imprensa”, condenava como “má imprensa” os demais veículos comerciais, de circulação geral, com informes das mais variadas áreas sem o comprometimento religioso.
Foram publicadas 297 edições de O Mariano. Em seu final, o jornal se tornou a imprensa oficial da Prelazia, com duas edições mensais e não mais um mensário. Essa mudança ocorreu a partir da edição de 14 de janeiro de 1951, decisão tomada pelo bispo Dom Floriano Löewenau. No começo, na primeira página declarava ser órgão da Congregação Mariana dos Moços de Santarém, depois, Órgão das Congregações dos Moços da Prelazia de Santarém.
Posteriormente, foi criada a Federação das Congregações Marianas da Prelazia de Santarém, envolvendo os núcleos desta cidade e de cidades vizinhas, assim como de Belterra, Alter do Chão e de outros núcleos urbanos. Por fim tornou-se um veículo da federação mariana, publicando notícias de todos os núcleos, e, por fim, trouxe estampada a informação: “Orgão oficial da Prelazia de Santarém”.
O jornal se expandia a cada ano, atingindo os municípios vizinhos abrangidos pela Prelazia de Santarém. Chegou a ter uma tiragem de 6 mil exemplares por edição, em uma época de leitura limitada. A expansão do jornal se fazia através da organização dos marianos. Na edição de 28 de janeiro de 1951, quando o veículo ou a ser o órgão oficial da Prelazia de Santarém, tinha-se uma radiografia de quantos e onde estavam os s dos 6 mil exemplares de O Mariano.
Eram 50 em Santarém – 3 mil na Colônia São José – 150 em Alter do Chão – 50 em Belterra – 200 em Boim – 150 em Fordlândia e Aveiro – 200 em Itaituba – 200 em Óbidos e Juruti – 600 em Oriximiná e Faro – 500 Alenquer e, em Monte Alegre e Prainha, 500. As s avulsas somavam 50.