Fumaça prejudica municípios no oeste paraense e agrava a saúde pública 2q6t36
Da esquerda para a direita: Óbidos, rodovia Curuá-Una, Itaituba e Porto do DER -
Créditos: Portal OESTADONET
A crise causada pela fumaça das queimadas afeta gravemente os municípios do oeste do Pará, tornando-se uma preocupação crescente para a população e autoridades locais. Santarém, uma das maiores cidades da região, enfrenta diariamente a piora na qualidade do ar, assim Itaituba, como Alenquer, Monte Alegre, Juruti, Oriximiná, Óbidos e outros municípios vizinhos.
5n2862
Santarém volta a registrar péssima qualidade do ar nesta quinta-feira
Em Santarém, segundo a plataforma PurpleAir, foi registrado 458 microgramas por metro cúbico, por volta das 02h20 desta sexta-feira.
Orla de Santarém. 29/11/2024. 06h30.
No penúltimo dia de novembro, os dados da plataforma PurpleAir indicaram níveis alarmantes de poluição atmosférica. Em diversas localidades, a concentração de poluentes ultraou os 300 microgramas por metro cúbico, muito acima do limite considerado seguro pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que estabelece níveis entre 0 e 50 microgramas como aceitáveis para a saúde humana.
Focos de calor, identificados pelo satélite da NASA, mostram que leste do Pará e Maranhão concentram a maioria queimadas
A poluição é intensificada pelos focos de queimadas em áreas rurais e urbanas. Além de Santarém, em Itaituba, Alenquer, Óbidos, Monte Alegre e Juruti, moradores relataram dificuldades respiratórias, principalmente em crianças e idosos. Pequenos incêndios urbanos, somados aos focos de queimadas em áreas florestais e pastagens, geram uma densa camada de fumaça que reduz a visibilidade e eleva o risco de doenças respiratórias.
Bairro da Matinha, Santarém. 07h30.
Os maiores focos de queimadas estão registrados nos municípios de Placas, Uruará, Mojui, Prainha, Alenquer e Monte Alegre.
No município de Itaituba, a avenida Hugo de Mendonça, no Centro da cidade, estava totalmente tomada pela fumaça e sem visibilidade.
Em Oriximiná e Óbidos, onde o número de focos de incêndio também é significativo, as equipes de saúde têm registrado aumento na procura por atendimento médico devido a sintomas relacionados à inalação de fumaça, como tosse, irritação nos olhos e agravamento de condições pré-existentes como asma e bronquite.
Na manhã desta sexta-feira (29), a fumaça era especialmente visível em Óbidos, cobrindo pontos turísticos e culturais como o Palácio José Veríssimo e a Serra da Escama, situados na Praça da Cultura. Imagens registradas por moradores mostram uma espessa névoa cinza, que tornou o cenário urbano ainda mais sufocante.
As istrações municipais têm adotado medidas emergenciais para enfrentar o problema. Além de campanhas educativas para conscientizar a população sobre os riscos das queimadas, foram intensificadas as fiscalizações contra práticas criminosas. "Estamos fazendo operações conjuntas com órgãos ambientais para identificar os responsáveis pelos incêndios, principalmente em áreas rurais. É um problema que exige a união de esforços", afirmou um representante da Prefeitura de Alenquer.
Em Santarém, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) reforçou as equipes para identificar os responsáveis por pequenos incêndios no perímetro urbano. A Prefeitura também tem orientado os moradores a evitar queimadas para a limpeza de terrenos, prática comum na região, mas extremamente prejudicial em tempos de seca prolongada.
Especialistas alertam que a exposição prolongada à fumaça pode ter consequências severas, principalmente para crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias ou cardíacas. A poluição do ar com níveis acima de 300 microgramas de poluentes por metro cúbico é extremamente perigosa. A inalação contínua dessas partículas pode levar ao aumento de internações hospitalares e até ao desenvolvimento de doenças mais graves a longo prazo.
A fumaça, além de prejudicar a saúde, compromete a qualidade de vida e a produtividade dos moradores, que precisam se adaptar a um cotidiano de ar pesado e visibilidade reduzida.
A expectativa é de que a qualidade do ar melhore com o início do período chuvoso, previsto para as próximas semanas. No entanto, especialistas destacam a necessidade de ações estruturais para prevenir novos episódios de queimadas e mitigar os impactos das mudanças climáticas na região.
Enquanto isso, a população do oeste paraense segue enfrentando os desafios de uma crise ambiental que escancara a urgência de políticas públicas mais efetivas e sustentáveis.