Santarém volta a registrar péssima qualidade do ar nesta quinta-feira 566s39
Vista parcial da orla de Santarém, às 07h120 desta quinta-feira(28) -
Créditos: Portal OESTADONET
O município de Santarém, no oeste do Pará, voltou a registrar nesta quinta-feira (28) níveis críticos de poluição do ar, com índices que colocam em risco a saúde da população. Nesta quarta-feira(27), os níveis de poluição se mantiveram abaixo de 100.0 durante a manhã e a arte. Mas nesta madrugada, logo nas primeiras horas, os dados da plataforma PurpleAir apontaram 403 microgramas de poluentes por metro cúbico, às 02h00, enquanto o aplicativo AirVisual registrou 404 µg/m³, níveis classificados como "péssimos". Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), índices entre 0 e 50 são considerados seguros para a saúde.
Após às 07h00, o nível de poluentes variou entre 200 e 206 microgramas. No último domingo (24), esse índice foi de 394 mcg.
Às 08h50, foram registrados 176.0 microgramas em Santarém, 172.0 microgramas em Alter do Chão, e 188 microgramas na aldeia Vista Alegre, conforme medição dos sensores do IPAM. No fechamento desta matéria, às 09h20, o nivel de poluição estava em 178 microgramas
A fumaça que encobriu a cidade voltou a se intensificar na noite de quarta-feira (27) e piorou durante a madrugada. Esse cenário ocorre em meio ao aumento de queimadas na Amazônia, que levaram o Pará a liderar o ranking nacional de focos de calor em novembro, com 5.967 registros, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Embora Santarém não figure entre os municípios com o maior número de queimadas, os efeitos das queimadas em áreas próximas têm causado impacto significativo na qualidade do ar dos santarenos.
Diante do agravamento da situação, o Ministério Público Federal (MPF) recomendou ações urgentes para informar e proteger a população. Entre as medidas estão:
Publicação diária de índices de qualidade do ar, com atualizações constantes;
Emissão de boletins extraordinários em casos críticos, como incêndios florestais intensos;
Orientações à população sobre redução de atividades ao ar livre e uso de máscaras de proteção, especialmente para crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios.
Além disso, o MPF propôs a distribuição gratuita de máscaras N95 para grupos vulneráveis, como comunidades indígenas e quilombolas.
Em resposta, o prefeito de Santarém, Nélio Aguiar, decretou estado de emergência ambiental na última segunda-feira (25), com validade de 180 dias. O decreto proíbe o uso de fogo em práticas agrícolas, exceto em situações controladas, e prevê ações lideradas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) para combater os focos de incêndio.
O prefeito enfatizou que a medida busca minimizar os impactos das queimadas na saúde pública e na segurança da população. “É uma resposta necessária a uma crise ambiental sem precedentes na nossa região”, afirmou.
Mortalidade de peixes e seca agravam cenário
Nesta quarta-feira (27), uma comitiva estadual visitou a região para prestar assistência às 71 famílias afetadas na comunidade Costa do Tapará, que registrou a morte de uma tonelada de peixes nos últimos dias.
Técnicos da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) identificaram níveis baixos de oxigênio na água do canal do Aramanaí, agravados pela estiagem. O secretário estadual Raul Protázio afirmou que ajuda humanitária será enviada às comunidades impactadas.
Além da mortandade de peixes, os moradores relataram o impacto da fumaça e das queimadas na região. Jaime Benjó, comandante-geral do Corpo de Bombeiros, informou que equipes já foram deslocadas para combater os focos de incêndio.
A combinação de queimadas, poluição do ar e crise hídrica impõe desafios complexos ao município. Especialistas alertam que medidas mais rigorosas e de longo prazo são necessárias para mitigar os danos ambientais e proteger a saúde da população.