Equipe da Semma vai ao lago do Urucurituba verificar mortandade de peixes e aponta calor e seca como causas principais 4b1e3h
Comunitários e pescadores tentam capturar espécies de peixes que ainda resistem ao calor e ao baixo nível de oxigênio na água do canal do Aramanai -
Créditos: Portal OESTADONET
Nesta quarta-feira (13), uma equipe da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) de Santarém, oeste do Pará, foi até a região do lago do Urucurituba para investigar a mortandade de peixes registrada na manhã da última terça-feira (12). O 'lago', na verdade, é o canal do Aramanai, nos limites com a comunidade de Igarapé do Costa, que secou muito. Após uma forte chuva sobre o município, moradores das comunidades de Urucurituba e Igarapé do Costa relataram a presença de diversas espécies de peixes mortos, intensificando as preocupações sobre o ecossistema aquático local.
O secretário municipal de Meio Ambiente, João Paiva, informou ao Portal OESTADONET que a causa provável das mortes é o baixo volume de água combinado com o calor intenso, que reduzem os níveis de oxigênio e elevam as temperaturas da água, ambos fatores prejudiciais à vida dos peixes. Segundo Paiva, uma das alternativas para evitar novas mortes pode ser o remanejamento de peixes para outros lagos ou a pesca para consumo imediato. "A situação tende a piorar com as condições atuais, então, orientamos a comunidade a retirar o máximo possível para consumo ou remanejar as espécies para locais com água em melhores condições," afirmou.
Um biólogo da Semma acompanhou a equipe e avaliou as condições no local, confirmando que a redução drástica do volume de água tem provocado aquecimento excessivo e falta de oxigênio. "Com o baixo volume de água, o calor aumenta, reduzindo o oxigênio disponível para os peixes. Isso os leva a perecerem. Nossa equipe está orientando a comunidade para retirar os peixes ou, se possível, transportá-los para locais como o Rio Amazonas”, informou o titular da Semma.
Em entrevista ao Portal OESTADONET, o professor e pesquisador da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Frank Ribeiro, reforçou que o fenômeno de mortandade pode estar ligado a alterações nas condições da água, exacerbadas pela seca prolongada e pelas mudanças climáticas. Segundo ele, fatores como o pH e o nível de oxigênio dissolvido devem ser monitorados, pois a ausência de oxigênio pode levar à morte de várias espécies. “Os peixes dependem do oxigênio dissolvido na água para respirar, e sua ausência é fatal para muitas espécies”, explicou.
Frank Ribeiro também apontou que oscilações bruscas de temperatura são especialmente prejudiciais para espécies sensíveis às variações ambientais. Entre as espécies mais afetadas estão os cascudos e as traíras, que, embora apresentem alguma resistência, sofrem intensamente com mudanças abruptas na temperatura e na qualidade da água. “Essas espécies são fisiologicamente um pouco mais resistentes, mas a mudança drástica nas condições do habitat está além da capacidade de adaptação delas”, afirmou.
Além disso, o professor destacou o impacto crescente da crise climática e da seca extrema na Amazônia. Segundo ele, eventos como a seca prolongada e temperaturas elevadas, antes incomuns, estão se tornando mais frequentes. “Com o avanço do aquecimento global, esses episódios de seca e temperaturas elevadas serão cada vez mais frequentes e intensos,” alertou o pesquisador. Ele defendeu ações urgentes para reduzir as causas do aquecimento global, argumentando que a preservação dos ecossistemas aquáticos depende da mitigação dessas condições extremas.
A situação no lago do Urucurituba é um reflexo dos desafios enfrentados pela biodiversidade aquática em meio às mudanças climáticas. Segundo Frank Ribeiro, a preservação dos ecossistemas locais é essencial para evitar a perda de espécies e garantir o equilíbrio ambiental. "Precisamos adotar um olhar atento e medidas de proteção ao meio ambiente, caso contrário, a sobrevivência de diversas espécies estará em risco," concluiu.
A Semma mantém o monitoramento da área e continuará a orientar as comunidades para minimizar o impacto da estiagem. A equipe também considera a possibilidade de realizar novas avaliações para ajustar as estratégias de resposta caso o fenômeno persista.