A polêmica com Felisberto Camargo 5d5z2v
Agrônomo Felisbelo Camargo, diretor do Instituto Agronômico do Norte ( atual Embrapa) introduziu a criação de búfalo no Baixo-Amazonas -
Créditos: Livro "O Homem que tentou domar o Amazonas"
Em 1946, a Ford devolveu ao governo brasileira a área de quase 1,3 milhão de hectares, em duas glebas, que recebera por concessão para realizar o plantio de seringueira e produzir borracha. O projeto Henry Ford foi indenizado em 50 milhões de dólares (valor da época) pelos investimentos realizados.
Em janeiro de 1947. O Liberal, que era o jornal do PSD, o partido de Magalhães Barata, detentor do poder político no Pará, publicou a seguinte nota, destacando o aspecto político da questão:
As plantações Ford, de Belterra e Fordlândia acham-se agora sob a istração do Instituto Agronômico do Norte, subordinadas, portanto, ao Ministério da Agricultura.
A direção daquelas vastas áreas estão sob o controle do dr. Felisberto Camargo que ali, segundo informações que nos merecem fé, está se transformando num ditador, em consequência vai desaparecendo por completo o estimulo entre os trabalhadores da decantada região.
Os avisos baixados pela istração são nitidamente autoritários e se revestem de cunho pessoal que não permite outra interpretação. Há avisos em que existem trechos como este: “Toda e qualquer reclamação contra a istração geral ou contra qualquer chefe, de serviço, deverá ser encaminhada por intermédio dos chefes respectivos, por escrito, à istração. As reclamações encaminhadas por outras vias SERÃO CONSIDERADOS ATOS DE INDISCIPLINA E SERÃO ÍVEIS DE PUNIÇÃO”.
Coisas extraordinárias e em desacordo com a ética democrática, que dali desapareceu.
O dr. Felisberto Camargo, iluminada pelo seu gênio de cientista n. 1 da Amazônia, assina e encerra avisos com tópicos assim:
“Baixo o presente aviso para orientação dos bons servidores da Organização, no sentido de se afastarem dos elementos perniciosos que, por falta de hombridade, dilapidam a organização que vem dando aos seus próprios filhos uma assistência que não se encontra em parte alguma do País.”
Pelos termos dos avisos, o leitor analise a qualidade dessa assistência.
O dr. Felisberto Camargo, com aqueles seus olhinhos de gato selvagem, está vendo fantasmas na Fordlândia e lançando a suspeita sobre todos os trabalhadores, quando diz que ali “existem, elementos perniciosos; mas não os cita nominalmente, resultando disso pairar a dúvida geral. As queixas que ali se levantam e atravessam- as florestas imensas, vindo até nós, são de que o dr. Felisberto Camargo está se constituindo um autêntico carrasco, trazendo os trabalhadores num ambiente irresponsável, como se aquilo fosse uma estufa para as suas experiências e enxerto de uma nova mentalidade tacanha, que não se coaduna com o sentimento de liberdade que é nato no coração dos nossos caboclos. O dr. Felisberto Camargo, que mal encobre os seus ideais; políticos anti-pessedistas, quer também tomar aquela antiga concessão em porto proibido ao o dos que militam no Partido que deu a vitória ao general Dutra o franco e festivo aos nossos adversários.