Memória de Santarém: Tribunal condena Brasil por poluição no Tapajós; ouro dos garimpos; colonização da Br-163 1q6s4d
Poluição no Tapajós
Em fevereiro de 1992, o Segundo Tribunal Internacional da Água, que se reuniu em Amsterdam, na Holanda, examinou 11 casos de graves danos ambientais, a maioria dos quais na América Latina, onde as fontes hídricas se encontravam comprometidas.
Dois dos casos se localizavam na Amazônia: a poluição da bacia do Tapajós pelo despejo de mercúrio, usado para a amalgamação do ouro por garimpeiros, e a contaminação das águas do rio Tocantins pelo apodrecimento vegetal no reservatório da hidrelétrica de Tucuruí, ambas as situações no Estado do Pará.
O governo foi responsabilizado pelos danos e o tribunal apresentou uma série de recomendações para a correção dos problemas, invocvando a própria legislação e programas que o governo brasileiro criava sem implementá-los.
Mas também apontou a responsabilidade dos países do primeiro mundo, como Holanda, Alemanha e Grã-Bretanha, que exportam grandes quantidades de mercúrio para o Brasil. Por isso, o tribunal pediu que os governos desses países assem a controlar a exportação do produto.
Tapajós: maior produtor de ouro
Em 1986 o Brasil produziu 14,7 toneladas de ouro, extraídas das regiões garimpeiras, uma queda de 32% em relação a 1982, quando os garimpos produziram 21,7 toneladas. A produção global brasileira em 1986, incluindo a atividade industrial, foi de 24 toneladas de ouro.
A maior zona garimpeira do país foi a do Tapajós, no Pará, responsável por 22% da produção nacional dos garimpos, sendo 3,6 toneladas no município de Itaituba. A província aurífera do Tapajós se estende por uma área de seis milhões de hectares, de ouro aluvionar.
Essa região foi transformada em reserva garimpeira em julho de 1983, absorvendo 60 mil garimpeiros e várias empresas de mineração. O teor de mineral extraído chegava a atingir 20 gramas por metro cúbico. Os principais garimpos eram os do Patrocínio, Caipu, Crepori, Água Branca, S. Domingos e Surubim.
O segundo maior garimpo de ouro em 1986 era o de Serra Pelada, responsável por 16,27% do total nacional, com 2,6 toneladas. Serra Pelada foi considerada reserva garimpeira em 1984. Sua área, de 100 hectares, chegou a absorver 80 mil garimpeiros. A garimpagem foi iniciada em 1980.
O terceiro garimpo em importância naquele ano foi o do Cumaru, em Redenção, no sul do Pará, com 2,3 toneladas e 14,47% da produção nacional dos garimpos. A reserva garimpeira de Cumaru, com área de 720 mil hectares e 30 mil garimpeiros, foi oficializada em 1984.
Colonização na Santarém-Cuiabá
Em 1971, a Sinop Colonizadora, do empresário paranaense Enio Pepino, assumiu o controle da Gleba Celeste, com 200 mil hectares, no norte de Mato Grosso. A área, cortada pela rodovia Santarém-Cuiabá, na época em construção, seria utilizada para um projeto de colonização particular, à semelhança dos empreendimentos realizados por Pipino numa gleba de 302 mil hectares no norte do Paraná.
No dia 27 de julho de 1972, com a presença do ministro do Interior, Costa Cavalcanti, a Sinop inaugurou a Cidade Vera, o primeiro dos três núcleos urbanos que seriam formados na área, o maior dos quais seria a Cidade Sinop, onde a empresa pretendia construir um hotel turístico inteiramente de mogno.