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Documentário revela rastro de destruição das florestas no oeste do Pará pelo fogo; veja vídeo 4m1643

Portal OESTADONET - 02/05/2024

Imagem da floresta sob fogo, com nuvem de fumaça encobrindo a copa das árvores - Créditos: Repordução/Vídeo

Mais de um milhão de quilômetros quadrados de florestas queimaram na região do Baixo Tapajós em 2015. Em 2023, foram 0,5 milhão de áreas destruídas pelo fogo. Em Santarém, no oeste do Pará, por exemplo, mais de 10.000 km² de florestas queimaram durante a seca extrema de 2015 e 2016. No ano ado, na região, foram cerca de 5.000 km² de mata incendiada.

 

Esses dados são revelados no documentário 'Heróis do fogo: a luta dos brigadistas na Amazônia', lançado recentemente e que traz informações inéditas sobre as queimadas na região Amazônica. 

 

 

 

 

Os dados mostram que pelo menos 122.000 km² de florestas na Amazônia foram afetadas por incêndios, representando uma área três vezes maior do que a do estado do Rio de Janeiro.

 

Com pouco mais de 14 minutos de duração, o documentário traz também imagens inéditas de queimadas na floresta, do olhar de quem combateu as chamas bem de perto. Os depoimentos de pessoas que vivenciaram a destruição da floresta pelo fogo também chamam a atenção.

 

As pessoas entrevistadas no documentário relembram o drama vivido pelos comunitários que sofreram com a fumaça e tiveram sua saúde agravada pela inalação de uma substância altamente tóxica. A situação foi mais grave para a saúde de crianças e idosos.

 

O curta mostra o trabalho incansável dos brigadistas para eliminar os focos e impedir o avanço do fogo sobre a floresta. As imagens de árvores centenárias queimadas também se destacam no curta-metragem 'Heróis do Fogo'. 

 

O lançamento do curta ocorreu no dia 26 de abril, durante a roda de conversa "Emergência Ambiental - Efeitos do El Niño na Resex Tapajós-Arapiuns e Flona do Tapajós", na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufuopa), no campus Tapajós. 

 

A pesquisadora Erika Berenguer, das Universidades de Oxford e Lancaster, e membro da RAS, ressalta que a ideia de produzir o documentário surgiu, inicialmente, de uma demanda dos próprios brigadistas. 

 

Ela ou o segundo semestre de 2023 acompanhando o trabalho das brigadas e realizando medições de incêndios florestais. Em 2023, Santarém e região registraram seca e incêndios de proporções históricas, com impactos de destruição menores apenas que o grande incêndio de 2015, no qual cerca de 10.000 quilômetros quadrados de floresta foram consumidos pelo fogo durante uma seca agravada pelo El Niño. 

 

Já em 2023, novamente com a incidência do El Niño, foram afetados 5.000 quilômetros quadrados, uma redução atribuída em parte ao trabalho dos brigadistas, conforme destacado pelos cientistas das RAS.

 

Berenguer relata ainda que os combatentes compartilharam com ela e com o pesquisador britânico Jos Barlow, que trabalha com fogo em Reserva Extrativista (Resex) desde 1998, não haver um material voltado sobre fogo na Amazônia, bioma diferente dos até então, apresentados em manuais sobre o tema. “Então, nasceu a ideia de construir um material técnico para auxiliar o trabalho de brigada do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); do PrevFogo Ibama; ou de brigadas voluntárias, mas durante o processo de produção do filme, percebemos que o tema era muito amplo e que o documentário poderia servir para alertar e levar a um maior entendimento dos incêndios florestais na Amazônia e seus impactos", explicou a pesquisadora.

 

De acordo com informações da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém, a devastação causada por incêndios florestais, sejam eles criminosos ou não, resulta em perdas irreparáveis para a biodiversidade da Floresta Amazônica. Estudos consolidados pela RAS indicam que aproximadamente 78% das espécies de plantas e animais sofrem redução após uma área ser atingida pelo fogo, o que significa que ela nunca mais se recupera completamente. Além disso, a perda de estoque de carbono da floresta pode ser de até 40%, o que pode agravar o efeito estufa. Diante desse cenário alarmante, os pesquisadores buscam alertar o poder público e a sociedade sobre a necessidade urgente de investir em políticas eficazes de prevenção de incêndios florestais.

 

A bióloga da Embrapa e membro da RAS Joice Ferreira, afirma que os incêndios florestais na Amazônia são de ordem ambiental, mas também social e que, com as mudanças climáticas, as previsões com secas extremas se tornarão mais comuns. "Esse é o resultado da ação humana. As florestas perturbadas, ou seja, as que foram desmatadas ou impactadas pela extração ilegal de madeira e pelas queimadas, contribuem diretamente para a emissão de gases do efeito estufa," enfatiza a cientista.

 

A pesquisadora pontua ainda, que a mudança de estrutura da floresta e a perda dessas espécies, sejam animais ou plantas, assim como os impactos para as pessoas que dependem da floresta para garantir sua subsistência precisam ser analisados com atenção. "Os incêndios florestais afetam a todos nós, direta ou indiretamente, pois o planeta é um só e os impactos são globais", reitera.




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