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Memória de Santarém: Baixo-Amazonas: a história do jornal 3z4k4x

Lúcio Flávio Pinto - 06/04/2024

Exemplar de O Baixo-Amazonas - Créditos: Acervo/Sidney Canto


 

No número 16 do jornal O Baixo Amazonas, Silvério Sirotheau já não aparecia mais no expediente como redator. O título do jornal ou a ter um hífen e perdeu o artigo. Ficou sendo Baixo-Amazonas. No número 34, sob o título do jornal, havia o dístico: “jornal do povo a serviço da região”. No número 40, no alto da primeira página, antes do título, surgiu uma frase: “Os que não quiserem apodrecer à beira do ca minho, roídos pelos corvos da intriga, dos interesses imediatistas das paixões subalternas, que venham conosco”.


A Gráfica Baixo Amazonas Ltda., que editava o jornal, ou também a vender livros, pelo preço da capa. Em outubro de 1953 oferecia, dentre outros títulos, A Rua das Vaidades, As Ligações Perigosas, O Grande Pescador, Os Deuses Riem, Eu Soube Amar, Uma Aventura nos Trópicos, Tudo Isto e o Céu Também, A Exilada, A Vida de Jesus, Mulher Imortal, Fugitiva, Cidadela, O Sol é Minha Ruína, O Lago do Amor, Abismo, Eles Esperam Hitler.


Já no primeiro número a direção do jornal informou que estava tentando comprar uma linotipo no sul do país para que o Baixo-Amazonas pudesse ter circulação diária, além de habilitar sua gráfica a prestar serviços ao público. Mas não realizou o plano.


O jornal acabou quando Elias Pinto se elegeu deputado estadual, em 1954.


Compromisso com o povo


Foi este o editorial da primeira edição de O Baixo Amazonas, publicado na primeira página, em 1952:


Ao dar à circulação o primeiro número deste semanário, que tem o nome da região a que se destina servir e é homônimo de um outro órgão da imprensa, que se editou nesta cidade entre os anos de 1872 e 1894, não sopesamos, antes temos bem auferida, a responsabilidade que nos impusemos e vimos assumir, perante o público do Baixo Amazonas, de realizar e cumprir um programa de trabalho que se identifique com os interesses coletivos deste trecho do Brasil, à defesa dos quais nos devotaremos sem avareza de esforços, sem descanso, indormidos e atentos, com destemor, crescente entusiasmo e absoluta fidelidade à causa pública.
 

Em satisfação desses propósitos, seremos apartidários e independentes, sobrepondo sempre às conveniências de quaisquer grupos os interesses da comunidade.
 

Jamais recusaremos a nossa colaboração à istração pública, que há de sempre contar com o nosso apoio às iniciativas úteis, com o nosso estímulo e concurso à realização de serviços e obras que afinem com os anseios, as necessidades e os reclamos do povo, a cujo bem-estar é de sua missão prover, colaboração que, segundo as circunstâncias, poderá, muitas vezes, se refletir através de uma crítica serena aos equívocos e desacertos dos es ou de advertências e ponderações aos seus atos menos condizentes com os interesses comunais; e, outras vezes, consubstanciar-se em avisos, apelos, indicações, esclarecimentos e estudos sobre providências reclamadas pelo bem público e pelo progresso das cidades e municípios do Baixo Amazonas, e ainda, quando necessário, em combate enérgico a medidas que se oponham ou sejam prejudiciais à coletividade.
 

Eis o nosso programa.
 

Como fonte de coragem e norma disciplinadora de nossas atitudes, teremos sempre presentes as seguintes palavras com que o preclaro Presidente Vargas, em certa ocasião, definiu o jornalista: “Entendida, como deve ser, a profissão de jornalista confina com o exercício de um sacerdócio”.

 

 



Antonieta Dolores, que também foi vereadora, eleita em 1948. Foto: Arquivo/Ércio Bemerguy

 

 

Saudando o surgimento do jornal, que dava a Santarém “um órgão de imprensa digno de uma cidade civilizada”, A. Dolores [pseudônimo de Antonieta Teixeira Dolores, funcionária pública e professora, que, depois colaboraria e dirigiria O Jornal de Santarém] fazia suas as palavras do jornalista Santana Marques, o redator de O Estado do Pará, que sentia haver no país “um ambiente indisfarçável de conspiração contra as liberdades públicas”. Por isso, a vida era doce apenas para o jornalista que “quer viver de elogios ocos, sem se importar com os mais necessários problemas que tanto afligem a coletividade”. Saudava o dia “em que se tornou realidade o sonho de dar a Santarém uma imprensa sadia, honesta e justiceira”.

 

 

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