Memória de Santarém: Jornal do Arbelo 66x2h
Prefeito Ubaldo Corrêa, pivô da crise no Jornal de Santarém, em 1959 -
Créditos: Reprodução/Arquivo
Jornal do Arbelo.
No dia 22 de agosto de 1959 Arbelo Campos Guimarães reassumiu a gerência de O Jornal de Santarém, da qual se afastara em 31 de janeiro, fazendo publicar uma declaração na primeira página: enquanto o semanário estivesse sob sua direção e gerência, “não publicarei nenhum artigo de ataque pessoal a quem quer que seja, sem que o autógrafo esteja assinado pelo responsável, com firma reconhecida, ou depois que o referido jornal esteja devidamente registrad o em juízo”. Com isso, considerava “bem claro que não assumirei nenhuma responsabilidade pelos conceitos que outros emitirem”.
Conseqüência imediata da decisão editorial: desapareceram as colunas “O que dizem no café do povo” e “Ferroadas”. Sem s, elas se dedicavam a dar estocadas, fazer comentários picantes e ataques políticos, em linguagem irônica e dura. Deviam ser as seções mais lidas do jornal, mas certamente eram também as que mais lhe criavam problemas, sobretudo comerciais.
Na reunião para eleger o novo presidente do diretório do PSD, em outubro, Custódio Santos atacou violentamente a nova orientação editorial, dizendo que Arbelo estava “amordaçado ou vendido ao prefeito” Ubaldo Corrêa. Não tendo respondido de imediato (“falamos baixo e o orador não tem audição perfeita”), o gerente do jornal publicou outra nota na primeira página para dizer que não iria se defender, deixando essa tarefa a todos que o conheciam, inclusive no partido.
Garantia que as colunas do jornal oficial do PSD estavam franquedas a Custódio Santos “para criticar, em quaisquer termos, qualquer autoridade, desde que os originais de seus artigos estejam devidamente assinados, ou assuma ele a responsabilidade do jornal, em juízo, nos termos da lei”. O oferecimento era “extensivo a outro qualquer cidadão que deseje escrever pelas colunas do nosso semanário”.
Voltava a ressalvar, porém, que enquanto estivesse na gerência da publicação, “sem que haja redator-chefe registrado em juízo, só revidaremos com todo o ardor de nossas convicções, insultos e ataques que forem dirigidos aos responsáveis pelo nosso Partido”.
Arbelo Campos Guimarães morreu em 2 de dezembro de 1969, aos 57 anos, quando era dos cemitérios da cidade e proprietário de O Jornal de Santarém, na época com 37 anos de circulação. Sucedeu, na direção técnica do jornal, ao irmão, Elpenor, que era tipógrafo. Casado com Ada Costa Guimarães e pai de Benedito Antônio, futuro político, então funcionário do Banco do Brasil, e Ana Clotilde, professora do Grupo Escolar Ezeriel Mônico de Matos. Tinha também um filho adotivo, Fernando Antônio, que ainda era menor.
O jornal nos anos 1960
Na edição 1929 de O Jornal de Santarém, de 10 de dezembro de 1960, Nicolino Campos, que acabara de ser eleito vereador, substituiu Armando Corrêa e Océlio de Medeiros como redator responsável. E o jornal deixaria a vinculação partidária ao PSD. aria a a poiar o prefeito, eleito pela Coligação. E quase todos os que o sucederiam, a partir daí.
Quando deixou a prefeitura, Ubaldo Corrêa se tornou o diretor responsável por O Jornal de Santarém, a partir de 1963. O redator-gerente ou a ser Raimundo Nonato da Costa. Era o único jornal que circulava na cidade.
Em janeiro de 1965 a professora Antonieta Dolores reassumiu o cargo de diretora do jornal, em substituição a Raimundo Nonato. O diretor-responsável continuou a ser Ubaldo Corrêa, então deputado estadual. Ele foi substituído por Evangelista Damasceno, que deixou o cargo em janeiro de 1968. Antônio Pereira, o único que permaneceu no expediente, ao anunciar o fato, considerou “justos e coerentes” os motivos apresentados por Damasceno para sair. Mas não disse quais foram esses motivos.
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