Memória de Santarém: O teatro abandonado 1i2j1n
Teatro Vitória, ainda com sua fachada original -
Créditos: Arquivo /Portal OESTADONET
Em maio de 1924, João de Cá (provavelmente um dos pseudônimos de Paulo Rodrigues dos Santos), em artigo publicado pelo jornal A Cidade, lamentava, “para descrédito nosso”, o estado de abandono em que se encontrava o Teatro Vitória, “sem mobiliário, sem coisa alguma que lhe dê brilho’.
Considerava “doloroso e triste” ver o teatro entregue a baratas e aranhas, “policiadas pelos ratos e ratazanas, que lhes fazem fiel guarda diurna”. Paulo sentia saudades dos tempos em que Manduquinha Guimarães, “espírito forte, alma moça, empregava todo seu esforço no desempenho das Revistas ‘A Crise’ e ‘Seu Libório’”. E de Alfredo Ladislau, que, “com beneditina paciência, arrancava defeitos e consertava gestos e frases dos que se submetiam aos seus ensinamentos para a representação”.
O cronista considerava necessário que o Conselho Municipal, “num gesto patriótico, distenda suas vistas em benefício do ‘Vitória’, ou então presenteie o prédio assim como recebeu do Club Democrático, a um grupo de rapazes que se dediquem a trata-lo com carinho e com amor”.
Depois de ler o artigo, Manoel Santos Vieira Bastos, da firma V. Bastos & Comp., doou 500 mil reis “para auxiliar os reparos do Teatro Vitória”.
Tem espetáculo
Contraditoriamente, a mesma edição do jornal anunciava a estreia, no mesmo teatro, do vaudeville Casar para morrer, em dois atos, na qual tomavam parte Carlos Campos e João Andrade, “irresistíveis cômicos”, Benito Rodrigues, Dico Rocha, Juvenal Gomes, Manuelita Rodrigues e Alzira Rodrigues.
A matéria itia que a plateia santarenense “há muito não tem o prazer de assistir espetáculos”. Por isso, deveria afluir em peso ao teatro, “não só para aplaudir, mas coadjuvar os amadores patrícios, que vieram nos proporcionar alegres noitadas”.
A peça seguinte seria O Assacu, “hilariante revista de costumes paraenses”. Outras mais foram encenadas em dias sucessivos.
Conselheiros eleitos
Nas cinco seções que havia em Santarém na eleição de junho de 1924, votaram 584 eleitores. Os partidos políticos é que distribuíam as cédulas. O Partido Republicano Federal, que dominava a política no município, levou 508 eleitores. A disputa era para duas vagas de senador, todos os deputados federais e metade dos conselhos municipais, que correspondia à câmara de vereadores.
Para a de Santarém foram votados: Raimundo Figueira (385 votos), Aureliano Imberiba (382) Herberto Guimarães (269), Flaviano Fernandes (123), José Antônio Oliveira (45), Manoel Ferreira Coelho (12), Silvito Pereira (9), Francisco Chaga de Araújo (9), Pedro Gentil (6), Felisbello Sussuarana (6).
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