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Memória de Santarém: Galinheiros e caranguejolas na praia da cidade 4q3128

Lúcio Flávio Pinto - 13/01/2024

Arquivo/Orla de Santarém, há aproximadamente um século - Créditos: https://histormundi.blogspot.com/



“Pela sua magnífica posição topográfica, pelo formoso panorama que apresenta, Santarém está fadada a ser uma das mais belas e adiantadas cidades do interior do país”.


Era o que previa, um século atrás, João D’Aqui, provavelmente pseudônimo do historiador Paulo Rodrigues dos Santos, em artigo publicado no jornal A Cidade, em março de 1924.


Vista de longe pelo visitante, a cidade se apresentava como “um grande presepe iluminado ao sol, deixando ver seu alvo casario, emoldurado pela alvinitência de formosa praia”.


Ao se aproximar do porto, porém, o visitante “verá desfeita a ilusão que o empolgara, ao ver depararem-se-lhe essas caranguejolas e esses cercados em vias de ruína que afetam e deprimem a princesa do Baixo-Amazonas”.


Informado por um amigo que os concessionários da luz elétrica estavam “dando início ao levantamento de uma cerca em volta da usina, bem na frente da cidade, em plena praia”, o cronista não podia deixar de registrar o seu protesto contra “esse atentado à estética da minha terra”.


E vai em frente: “Não bastam já esses horrendos cercados que obstruem a vista da urbs, escondendo-lhe a beleza aos olhos do viajante? Não bastam já esses calhambeques de fundos para o rio a darem ao estranho que nos visita a impressão de achar-se à frente de uma aldeia da Mongólia?”.


Mesmo que levantada “com arte e requintado bom gosto”, a cerca que estava sendo levantada “jamais deixará de ser um trambolho, um empecilho, uma negra mancha a empanar a alvura imaculada da praia que emoldura a cidade dos meus maiores”, diz o João D’Aqui.


Ele pede que fosse sustado o intento dos concessionários da luz. “Não aumenteis o número dos galinheiros que amesquinham a bela princesa tapajônica”.


ado um século, a crônica não poderia ser escrita com atualidade diante de situação semelhante nos dias atuais de Santarém?

 


Missão americana


Em março de 1924 chegou a Santarém a missão oficial norte-americana que realizaria estudos sobre a Amazônia. Depois de ir a Monte Alegre, a missão visitou a fazenda de Herbert Riker, para ver “a importante plantação de borracha fina”. Também percorreu o centro colonial do município, até às proximidades do Piquiatuba. E foi ao rio Arapiuns.

 


Sede da fazenda da família Riker, no bairro do Diamantino, em Santarém

 

Em 1871, Robert Henry Riker chegou em Santarém e comprou terras do governo do Pará. Riker junto com o seu irmão Herbert, fizeram as primeiras plantações de seringueiras na Amazônia.

 

 

 

 

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