Memória de Santarém (1923): Prefeito e deputado; conflito de terras; coluna social 2j3d1a
Navio a vapor, o paquete, era o meio de transporte de cargas e ageiros no começo do século XX na Amazônia -
Créditos: Arquivo
Prefeito e deputado
“Não obstante o adiantado da hora, um grande número de amigos” foi receber Manoel Waldomiro Rodrigues dos Santos, que desembarcou, em julho de 1923, já noite alta, do “confortável paquete” S. Salvador, da Amazon River. Foi levado à praia pela lancha Leda e depois conduzido até a sua residência pelos amigos.
Justificava-se tanta deferência: Rodrigues dos Santos era, ao mesmo tempo, deputado ao Congresso doestado, eleito por Santarém, e intendente (prefeito) municipal, alÉm de médico. Pertencia a uma das mais tradicionais e ilustres famílias de Santarém. É ainda nome de rua importante na Cidade Velha, em Belém.
Da coluna social
* Aniversariantes: Anicota Macambira, Raimundo Maciel Castro, jovem Antônio Auzier, Caetana Corrêa Campos (esposa do major Manoel José de Oliveira Campos), senhorita Joana Macambira, Idalécio Nogueira da Silva, a menina Dulcinea Macedo, Júlio Vieira (empregado no comércio), Antônio Reça (“benquisto comerciante no rio Aritapera”), senhorinha Vivi Imberiba, filha de Gonçalo Imberiba, proprietário em Santarém.
Paquete Cuyabá/https://naviosavista.blogspot.com
* No navio Cuyabá, ou por Santarém um contingente do 27 caçadores (deve ser o 27º batalhão de caçadores do exército, baseado em Manaus), com a respectiva banda de música. Seu destino era Belém, “onde tomará parte no centenário da independência paraense”.
Não está sem juízo
Nota publicada em A Cidade.
“Pedem-nos para informar achar-se acamado em consequência de uma dentada que recebera do infelicitado menor Antônio Braga (com raiva?), recentemente falecido, o sr. Laurindo C. Braga, cujo estado, apear de não muito lisonjeiro, não é como se propala, afirmando estar o mesmo com falta de juízo”.
Conflito de terras
Era conflituosa a expansão da ocupação de terras do centro urbano para a área rural em Santarém. É o que mostra um edital para ressalva de direitos que Domingos Amâncio das Neves publicou no jornal. Havia seis anos que ele ocupava “uma sorte de terras próprias para lavoura”, tendo plantado roçados de mandioca e canaviais.
Com área de 250 braças de frente e “fundos correspondentes”, essa gleba se localizava à margem da estrada do Mararú, estendendo-se até a estrada do Bom-Gosto (ou do Diamantino), confrontando-se de um lado com terras ocupadas por José Quintino da Silva e do outro com terras devolutas de domínio público.
Sabendo que essas terras foram ocupadas com pedido de aforamento à prefeitura, Domício Antônio Pereira também requereu a mesma gleba, “estabelecendo proposital confusão”. Daí o alerta público feito por Domingos “perante as autoridades locais e para conhecimento do profissional a quem porventura viesse a caber o serviço de demarcação e alinhamento”.
Estava formado o conflito.
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