Memória de Santarém: O nobre esporte bretão na fazenda; Bela fortuna 4z44x
Creative Commons - CC BY 3.0 - Arthur Friedenreich, primeiro “craque” do futebol brasileiro, em 1925. Foto: wikimedia commos -
A Cidade nº 244
Dezembro de 1921
O nobre esporte bretão na fazenda
Em 1921, o futebol ainda era realmente o nobre esporte bretão. Por isso, o jornal A Cidade recorria à língua de Shakespeare para descrever uma partida, mesmo que fosse em uma remota localidade de Santarém, como se pode constatar pela sua reprodução.
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Realizou-se no domingo o encontro entre o team do Combinado Poeirão e o scratch representativo do Progresso Football Club. O encontro teve lugar na fazenda S. Domingos, no Imumú.
O scratch foi renhido e esteve animadíssimo, desenvolvendo rápido jogo os players do Progresso, que são todos rapazes fortes e destros no arremate do ballon. Mas a vigilância da defesa do Poeirão anulou o plano do scratch do Progresso. Calma e certeira cortava todos os lances do team visitado que. Apesar de se mostrar hábil no sport bretão e contar com elementos desta cidade, foi derrotado conseguindo o team visitante a vitória pelo elevado score de 6 a nihil.
O eleven visitante jogou bem, mas, para conseguir este score, muito teve que se esforçar, pois não esperava, conforme nos disseram, defrontar-se com um scratch bem organizado, como o apresentado pelo Poeirão.
Arbitrou o match o sr. Joaquim Tavares, que se portou muito bem, sendo elogiado pelas partes interessadas.
Durante os intervalos alegrava a tarde a banda musical de que o Poeirão se fez acompanhar.
Os donos da fazenda, que são os diretores do club, foram solícitos em atender os visitantes, cumulando todos de gentilezas que muito os penhorou.
Às 17 e meia horas, o capitain do Poeirão apresentou ao team do Progresso e sua diretoria, em nome dos visitantes, suas despedidas e agradecimentos pela maneira cortês e gentil com que foram recebidos; respondendo em nome do club o senhor presidente, que, com palavras singelas, mas tocantes, agradeceu a visita que lhes fez o Combinado Poeirão.
Às 18 horas suspendia âncora a lancha que conduzia o Poeirão, ouvindo-se por essa ocasião alegres marchas e aleguapes.
Os visitantes chegaram a esta cidade às 20 horas do mesmo dia.
Bela fortuna
O jornal registrou o aniversário do “venerando conterrâneo” coronel Antônio Rodrigues dos Santos, “abastado fazendeiro e capitalista”, já então residindo em Belém. Era “representante de uma das mais antigas e distintas famílias de Santarém”, que conseguiu, “por seu trabalho honesto e vontade férrea, fazer uma das mais belas fortunas do Pará”.
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