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Memória de Santarém: A cidade em 1921 5w54x

Lúcio Flávio Pinto - 20/05/2023

Vista do rio Tapajós onde se destacava o antigo trapiche municipal - Créditos: Portal OESTADONET

 

A Cidade
Ano V, número 226, 13 de Agosto de 1921



A cheia de 1921



A grande cheia de 1921 estava chegando ao fim, sem que uma voz se levantasse no país “de socorro em favor dos infelizes amazônicos acossados pela água”. A inércia leva o redator do artigo a pensar que se, no lugar da cheia do rio, os problemas resultassem de uma seca, “teríamos todos os Estados que se dizem Unidos do Brasil apelando, protestando junto do governo central para que nos mandasse auxílio ao mal que nos aflige”.


Salienta o autor que as vítimas das enchentes não querem “ser pensionistas de caridade dos cofres federais; apenas pedimos o que a Constituição nos garante em recompensa aos impostos que pagamos”.


Observa ser inútil “quererem a defesa dos demais Estados na desculpa de que o Acre, Amazonas e o Pará [eram as únicas unidades federativas de então na Amazônia] devem as suas derrotas à politicalha de seus governos, porque nesse caso a grande crise que atravessamos também é o resultado de uma politicalha mundial”.

 

Santarém: depósito de trabalhadores

Em 1921, o redator do jornal, abordando uma situação geralmente esquecida ou omitida pela reconstituição histórica, registra o sentimento de pesar diante de “diversos compatrícios nossos que, pelas ruas desta cidade, perambulam – uns implorando a caridade pública; outros abandonados de si mesmos, entregues às moléstias que os prostram nas calçadas, arquejantes, – incômodos que lhes minam os organismos quando lutavam pela vida no labor das brenhas tapajônicas, amazônicas ou curuanenses, em busca da borracha ou da castanha”.


Atacados pelo impaludismo, a febre que vai minando até a sua integridade física, narram aos que se dispõem ouvi-los o ato desumano do abandono “por parte dos ‘patrões’ ou dos comandantes dos navios em que embarcam, os quais os mandam jogar no trapiche ou na praia desta cidade”.


Alguns diziam ter trabalhado nos castanhais de Alenquer, onde adoeceram. Transportados então daquela cidade, “imploraram o auxílio do sr. Intendente [prefeito], a fim de se recolherem à Santa Casa, em Belém”.


Embarcados em Alenquer, “mas para logo, surpresos, serem desembarcados aqui em Santarém, que, ao que parece, é a Santa Casa que lhes destinaram.... Maldade dos srs. comandantes, ou caso pensado do sr. Intendente de Alenquer?”


O autor do texto diz não saber, mas conclui: “O que se constata é que são fatos cruéis e abusivos dos que os põem em prática, sacrificando a saúde pública santarense”.



Notas sociais



Aniversariaram:


- Vicente Peluso.
- Joaquim Ferreira da Cruz, secretário da Cooperativa de Pescadores.
- A menina Fleurice, filha de José Manoel de Mattos.
- Silvina Braga, filha de Genesio Braga.
- Luiz Barbosa, instrutor da banda Aloysiana.
- Para Boim, na lancha Luiz Bastos, seguiu Caribé da Rocha.
- Na lancha Cigana, de sua propriedade, Abraham Azuellos também foi para Boim, onde reside.


 

Abates e eliminações



- Durante o mês de julho foram abatidos no Curro Público Municipal 32 bois, 68 vacas, 62 porcos e um carneiro para o consumo da população.


- A assembleia geral do Payssandu Sport Club, reunida em sua sede social (na Floriano Peixoto, 40), decidiu eliminar os seguintes associados: Antônio Jacinto Willote Cotta, Antônio Taumaturgo dos Santos, Armando Mendes, Antônio de Andrade Figueira, Artur José Oliveira da Paz, Fermiano Rodrigues da Silva, Francisco de Souza Colares, José Antônio de Oliveira, José Alves Pereira Fona, Manoel José de Oliveira Campos, Mário Desencourt, Minervino Aflalo e Pedro Lopes Duarte.

 

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