Memória de Santarém: Os fatos em 1947 52v5c
Um grupo da Pia União das Filhas de Maria, que aparece junto a Dom Amando Bahlmann, na escadaria da Catedral de Santarém, no ano de 1936. Durante muitos anos, a Pia União das Filhas de Maria era a responsável pela cerimônia de coroação da Virgem Maria, na Catedral de Santarém. - Créditos: Fotografia de Apolônio Fona/Arquivo Padre Sidney Canto
Em 24 de junho morreu, aos 87 anos, Ana Tereza de Jesus Sarmento, que era filha do coronel Manoel Sebastião de Morais Sarmento e Ana Cândida de Almeida Sarmento, e irmã do também coronel José Joaquim de Morais Sarmento, que falecera um pouco antes. Tereza era então a última sobrevivente das sócias-fundadoras da Pia União das Filhas de Maria, associação de grande influência na sociedade dessa época, que presidiu desde 1918 até às vésperas de adoecer, de esclerose. Foi também presidente da Confraria de Nossa Senhora do Rosário e uma das maiores lideranças católicas de Santarém. Sem se casar, dedicou-se à religião e a o magistério, sendo professora “de muita gente que hoje integra a fina flor da sociedade santarena”, dizia a nota fúnebre.
* Octávio Sirotheau, dono de A Palmeirinha, colocava à venda metade da casa situada na rua Rui Barbosa esquina da travessa 15 de Agosto, “ponto ótimo para o comércio”.
* Já Alberto Meschede, dono do Bar Mascote, colocava à venda a “voadeirinha” Aenne, nome de sua única filha (os outros três foram homens).
* Calil Quemel comunicava, por O Jornal de Santarém, que transferira da rua João Pessoa para a Floriano Peixoto sua loja A Restauração, “onde continua e espera receber a preferência de todos”.
* Waldemar Acioly, relojoeiro e ourives, anunciava que já se encontrava em Santarém, “vindo recentemente de Belém, onde exercia sua profissão com honestidade e perfeição nas grandes casas daquela praça”. Prometia para breve a instalação de uma oficina, na travessa dos Mártires, “onde atenderá seus amigos com a maior brevidade e garantia em seus serviços.
* A Padaria Progresso, de Basílio Antunes, se orgulhava de produzir “o melhor pão de Santarém”, além de bolacha grossa, bolachinha e uma bolacha especial, a Paulista, “que é um assombro”.
* Jacira Alves Dias atendia no seu salão, na 24 de Outubro, mas também fazia ondulação permanente em domicílio, atendendo “sem distinção de idade a qualquer hora do dia”,
* Quem quisesse comprar uma “caneta fonte” (com tinteiro) ou uma máquina fotográfica, objetos mais raros no comércio local, já sabia: bastava ir à filial dos Entrepostos Comerciais da Fundação Brasil Central, criada pelo governo federal para “desbravar” os sertões.
* Só na alfaiataria Blair era possível “vestir bem e com elegância”, usando tecido de Lino cor pérola ou tropicais de várias padronagens “por preços mínimos e ao alcance de todas as bolsas”.
* “O jovem paraense Dr. A. Campos Pereira”, que acabara sua especialização como cirurgião-dentista no Rio de Janeiro, que era a capital federal, anunciava para breve a sua chegada em Santarém.
* Odorico Almeida viajava para fixar residência no Rio de Janeiro, deixando de público suas despedidas a todos e, em especial, ao presidente e ao padre diretor da Congregação Mariana, da qual fazia parte. Com influência muito maior do que a das Filhas de Maria, é claro, por estar ainda numa sociedade patriarcal.
* Joaquim Jerônimo da Costa era titular do “domínio útil” de oito lotes contíguos de terras, que aforou junto à prefeitura, com 120 metros de frente para a avenida Mendonça Furtado e 180 metros de fundos pela avenida Joaquim Rodrigues. Nada menos do que 21 mil metros quadrados de latifúndio urbano. Essa área era conhecida popularmente por Campo do Paissandu. Informado de que alguém podia estar requerendo esse terreno, tratou de apresentar protesto judicial. O edital de notificação foi preparado pelo escrivão interino do cartório do 2º ofício, Santino Sirotheau Corrêa, que viria a ser prefeito municipal e deputado estadual.