Memória de Santarém: Rodrigues dos Santos: duas vezes interventor 6b6dx
Foto da frente de Santarém, tirada por Apolônio Fona na década de 30. Vê-se o antigo mercado municipal e o saudoso castelo na rua João Pessoa ( hoje, Lameira Bittencourt ). -
Créditos: Arquivo: Sidney Canto
Manoel Valdomiro Rodrigues dos Santos chegou a Santarém, no dia 14 de novembro de 1924, no navio Rio Madeira, vindo de Belém, onde fora participar dos trabalhos do congresso estadual. Iria tomar posse, pela segunda vez, no cargo de intendente municipal (que correspondia ao de prefeito atual). A primeira foi em 1918. Uma multidão o recebeu no trapiche o acompanhou até a sua residência.
No dia seguinte, houve a sessão solene de posse dos novos vogais (is vereadores de então) e do intendente, no paço municipal (o Museu João Fona de hoje), todos do Partido Republicano Federal.
Da mesa que presidiu o ato tomaram parte o vice-intendente, coronel Joaquim de Vasconcelos Braga; o representante do governador, Borges Leal; o presidente do senado estadual, deputado J. J. de Moraes Sarmento; o representante do presidente do Superior Tribunal de Justiça, Alarico Barata; o juiz de direito de Alenquer, Alfredo Ladislau; o vigário geral da prelatura de Santarém, frei Ignácio; o diretor do colégio São Francisco, frei Ambrósio; e o prefeito de polícia, Francisco Machado Freire.
O primeiro a falar foi o vice-intendente, que convidou os vogais Aureliano Imbiriba e coronel Joaquim Teixeira a introduzirem o novo intendente no recinto. Rodrigues dos Santos prestou então o compromisso do cargo, para o qual fora reeleito.
Em seguida, fizeram o mesmo juramento os novos vogais Joaquim Braga e Antônio da Silva Guimarães (não tomaram posse Jacob Joaquim Alho e Gabriel Rodrigues dos Santos). Vários oradores se seguiram até a manifestação do intendente.
Como sempre acontecia, o noticiário do jornal não reproduziu o discurso. O que fazia era exaltar o orador e fazer comentários (quase sempre cheios de elogios hiperbólicos, quando o personagem era aliado da publicação) sobre o que foi dito por ele, conforme a técnica da época:
“Calmo, sereno, sua alma cheia de reconhecimento à terra de seu berço, porque estreme com o carinho de filho amantíssimo, o grande santareno, sem preocupar-se de sua individualidade, reivindicando para o povo a obra de economia e regeneração, pela qual bateu-se com a valentia de seu espírito superior, tão malsinada pelos refugos de outrora e pelos interesses mal servidos dos politiqueiros e dos especuladores”.
Do paco municipal, a multidão seguiu em “préstito” pelas ruas, precedida pela Banda Aloysiana, “notando-se um movimento em todas as ruas e casas por onde ou o préstito, as famílias, que procuravam deste modo dar a mais solene prova de sua iração pelo ínclito brasileiro que tem pela família o mais fervoroso culto. A romaria terminou na residência de Rodrigues dos Santos, onde foram servidos aos presentes “doces e finos licores e vinhos”.
Um “distinto colaborador” de O Jornal de Santarém fez o elogio do homem, “que enche e ilustra por si só a história do Pará do tempo atual, criando, sugerindo e vencendo com sua organização completa de , médico, estadista, literato e político, as situações mais variadas e mais profundas da nossa evolução social”.
Classificou a recepção ao intendente como sendo “uma explosão solene e edificante dos sentimentos santarenos de outro tempo, quando ainda se cria nos homens e se tinha confiança nos princípios”.
A festa para Rodrigues dos Santos era “uma demonstração pública dos entusiasmos desta terra pelo merecimento real de um filho glorioso, uma sagração cívica, em que tomaram parte os elementos mais distintos pela posição na sociedade, pela cultura intelectual, pela influência que exercem o caráter e as demais qualidades da eleição”.
Havia exagero e saudosismo na avaliação. Mas, fazendo a comparação daquele tempo com o atual, não muito.
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