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Jussara, suspeita de provocar morte de Líbia, foi retirada do CRF para prestar depoimento sem autorização do juiz 1i5m5d

Portal OESTADONET - 27/02/2023

Delegado William Richer concedeu entrevista no último sábado - Créditos: Repordução/Redes Sociais

O diretor em exercício da Penitenciária de Cucurunã, Jorge da Cruz Coelho Jr. e o delegado William Richer, que preside o inquérito policial que apura a morte da jovem Líbia Tavares, arremessada do capô do carro pela motorista Jussara Nadiny Cardoso Paixão, na madrugada da última quarta-feira (22), em Santarém, no oeste do Pará, terão que explicar em juízo e istrativamente por que a suspeita do crime, que cumpre prisão preventiva, foi retirada do Centro de Recuperação Feminino para ser levada à Delegacia de Polícia Civil para ser interrogada pela autoridade policial, sem autorização da Justiça. A apuração é do Portal OESTADONET.

 

À imprensa, o delegado contou que atendeu a um pedido da defesa de Jussara, para ouvir a versão dela do acidente, que terminou com a morte de Líbia Tavares. Ocorre que, Jussara Paixão encontra-se na condição de presa provisória sob a custódia da Secretaria de Estado de istração Penitenciária (SEAP), e só poderia sair da casa penal com ordem judicial. O Portal OESTADONET apurou que não houve nenhum pedido feito pela autoridade policial à 3ª Vara Criminal, onde o processo está tramitando.

 

O juiz Gabriel Veloso de Araújo, titular da 3ª Vara Criminal de Santarém, por telefone, confirmou que não deu autorização para que a suspeita deixasse as celas do Centro de Recuperação Feminino(CRF) e fosse levada até a delegacia. O magistrado, no entanto, informou que não iria comentar o episódio.

 

Segundo apurou a reportagem, a direção da Seap em Santarém já foi instada a explicar quem autorizou a saída de Jussara à delegacia de Polícia Civil no sábado, já que tal liberação só poderia ocorrer por ordem judicial.

 

A atitude do delegado William Richer, que ignorou o procedimento legal para colher o depoimento de uma suspeita presa em condição provisória sob os cuidados do Estado, também será comunicada à Corregedoria de Polícia Civil no Baixo Amazonas.

 

Depoimentos e laudos de Jussara

 

Um dia antes do depoimento de Jussara, o delegado ouviu o namorado dela, na condição de testemunha. Diante dos holofotes, no sábado, após ouvir Jussara e o namorado dela, o delegado William Richer afirmou que o relacionamento conturbado das jovens com o rapaz foi a causa da briga entre Jussara e Líbia.

 

Na audiência de custódia, assistida por antigos patronos, Jussara falou ao juiz que foi agredida após o corpo de Líbia ficar jogado no asfalto e que tentou fugir do local com medo de ser agredida. [Leia resultado de laudos no final desta matéria].

 

Com a mudança do escritório de advocacia, Jussara alega que não seguiu Líbia, após a saída do Bar Fuleragem, e que o encontro das duas desafetas ocorreu de forma casual.

 

A nova estratégia de defesa, com a versão colhida pelo delegado, no último sábado, segundo alguns advogados consultados pelo Portal OESTADONET é tentar modificar a tipificação do homicídio - de doloso para homicídio com dolo eventual. William Richer também informou que o inquérito policial deverá ser concluído nos próximos dias.

 

Ao delegado, Jussara Paixão contou que a confusão com Líbia começou ainda no bar onde ambas as jovens se encontravam com amigos. O estabelecimento citado por Jussara como local da discussão fica localizado na avenida Mendonça Furtado, nas proximidades da Praça Elias Pinto, no bairro Prainha.

 

O depoimento de Jussara Paixão durou mais de duas horas. Ela contou ainda, segundo o delegado, que acelerou o carro atropelando Líbia, poque ficou com medo de ser agredida pela irmã e amigos da vítima. A suspeita teria dito que depois de saírem do bar, elas voltaram a se encontrar, desta vez, na rua, mais precisamente na avenida Sérgio Henn, próximo ao Hospital Regional, bem perto do local onde ocorreu o acidente, na Sérgio Henn com a rua Palhão, no bairro Aeroporto Velho.

 

Jussara Paixão teria negado também que perseguiu Líbia na saída do bar como afirmaram outras testemunhas. Ela disse à polícia que ficou dentro do veículo e que Líbia se colocou na frente do carro dela. Jussara teria dito ainda que só acelerou porque ficou com medo de ser agredida pelos amigos de Líbia.

 

O que é de se estranhar nesta afirmação é que vítima e suspeita tinham endereços distintos do local onde teria se originado toda a confusão, na avenida Mendonça Furtado. Ou seja, até onde o acidente ocorreu, em algum momento, ambas as condutoras dos veículos poderiam ter apanhado um caminho distinto até o seu itinerário correto para os respectivos endereços.

 

Líbia morava no bairro Diamantino, enquanto  Jussara reside na rua Amarelinho, no bairro Salvação.

 

A primeira versão contada por testemunhas, dão conta que Líbia teria saído do bar e foi perseguida por Jussara, que inclusive ou do veículo dela, forçando-a para parar no meio da rua. Nisto, a vítima teria se colocado em frente ao carro de Jussara e, esta, por sua vez, acelerou sobre a desafeta, arrastando-a por uns 300 metros, até que ela freou e Líbia caiu e bater forte com a cabeça no asfalto.

 

A vítima foi socorrida pelo Samu e morreu a caminho do hospital.

 

Jussara permaneceu no interior do seu veículo e com algumas pessoas revoltadas, batendo no vidro do carro e gritando palavrões contra ela. Um vídeo que circulou nas redes sociais no dia do acidente, mostra esse momento. Jussara permaneceu trancada no veículo até a chegada da polícia.

 

Na audiência de custódia, na presença do juiz Gabriel Veloso, Jussara contou que foi agredida por populares e amigos da vítima.

 

O Portal OESTADONET teve o aos laudos solicitados pelo delegado William Richer da perícia de exame clínico de embriaguez e de lesão corporal, feitos pela Polícia Científica do Pará. Ambos os documentos foram assinados pelo médico Rubem José Dourado da Fonseca. O primeiro foi feito às 05h52, de lesão corporal, enquanto o segundo, para embriaguez, foi realizado às 06h00.

 

No histórico da primeira perícia consta que Jussara Paixão se envolveu, no dia 22 de fevereiro, por volta das 03h00 horas, em um acidente que terminou com o atropelamento de uma mulher, ‘que se jogou no capô do carro que dirigia e sendo agredida pelas amigas da atropelada, aos puxões de cabelo, arranhões’.

 

Em relação à perícia de lesão corporal, o médico constatou que houve ofensa à integridade corporal ou à saúde da suspeita.

 

Já sobre a perícia de embriaguez, realizada pelo C cerca de uma hora depois, o médico concluiu que Jussara Paixão se encontrava em estado de embriaguez no momento do exame.




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