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Memória de Santarém: Começo da Tecejuta 5um1x

Lúcio Flávio Pinto - 29/08/2021

Instalações da Tecejuta, no bairro da Prainha, em Santarém - Créditos: Arquivo/Portal OESTADONET

Em agosto de 1950, Getúlio Vargas fez uma escala em Santarém na sua campanha pela presidência da república. No comício na cidade, prometeu que, se eleito (como de fato foi), atenderia a reivindicação que lhe fora apresentada, de promover a industrialização da juta no seu próprio centro de produção, apoiando a instalação de uma fábrica de fiação e tecelagem da fibra.


Em fevereiro de 1951, o diretor-secretário da empresa, Elias Pinto, teve a primeira audiência com Vargas, que confirmou seu compromisso. 

 

Em 10 de novembro do mesmo ano, a Companhia de Fiação e Tecelagem de Juta de Santarém (Tecejuta) foi fundada. Imediatamente foram iniciadas as negociações com os fabricantes do maquinário no Japão. A Cexim, porém, que no Banco do Brasil controlava as importações, começou a criar entraves para conceder as licenças de compra das máquinas no exterior.


Em nova audiência, o presidente designou seu secretário particular, Roberto Alves, para acompanhar Elias nos contatos com as autoridades responsáveis pelas autorizações. As licenças, no valor de quase 10 milhões de cruzeiros, foram concedidas integralmente.

 

Assim começou a implantação física daquela que viria a ser a maior indústria do interior da Amazônia. Sem, no entanto, a vida longa que para ela se projetava.

 

A Companhia de Fiação e Tecelagem de Juta de Santarém (Tecejuta) começou a funcionar oficialmente em 10 de novembro de 1951. Seu objetivo era industrializar a juta no seu próprio centro de produção, o Baixo Amazonas. Até o final do exercício desse ano apenas havia aparelhado o seu escritório, que funcionava na rua João Pessoa, 260, e organizado sua escrita contábil.

 

Mas no relatório anual, a diretoria prometia que em 1952 "todos os esforços serão conjugados na construção do edifício industrial da empresa, em terreno já escolhido, como também a importação das máquinas encomendadas, necessárias ao funcionamento da fábrica". Se essas providências fossem cumpridas, "é bem possível que em 1953 o estabelecimento fabril venha a funcionar, coroando de êxito os esforços despendidos e proporcionando os resultados esperados". Walter Putz era então o presidente, Kotaro Tuji o diretor-gerente, Mário Mendes Coimbra o diretor comercial e Elias Ribeiro Pinto o diretor-secretário. O Conselho Fiscal era integrado por Adherbal Tapajós Caetano Correa, Vicente Malheiros da Silva e João Vieira Cardoso, tendo como suplentes Antônio Diniz Sobrinho, Manoel Cardoso Loureiro e Artur Vieira Brandão.

 

No início de 1952 chegou a Santarém, procedente do Japão, a planta da futura fábrica, que seria construída no bairro da Prainha, contendo, além das especificações técnicas da construção, a disposição das máquinas a serem instaladas. A estrutura metálica da fábrica pesava 200 toneladas. Embarcou no porto do Rio de Janeiro, em 1953, com destino a Santarém, num navio do Lóide. A construção ficou a cargo do engenheiro Agenor Penna de Carvalho. No dia 7 de dezembro de 1952 foi lançada a pedra fundamental da fábrica.

 

Em 11 de março do ano seguinte Elias Pinto e Kotaro Tuji foram recebidos pelo presidente Getúlio Vargas no Palácio Rio Negro, em Petrópolis. Informaram o chefe do governo sobre a chegada do primeiro contingente de máquinas, procedente do Japão, e o lançamento da pedra fundamental das instalações industriais.

 

Segundo o despacho telegráfico da agência de notícias Asapress, o presidente "mostrou-se vivamente satisfeito ao receber as notícias, e afirmando a promessa anteriormente feita de que visitará Santarém por ocasião da inauguração da referida Usina, o que devia acontecer até o final desse mesmo ano.


Abordado sobre a situação da juta, Getúlio garantiu prorrogar por mais um ano o decreto que estabeleceu o preço mínimo da fibra na safra anterior e também o seu financiamento. Elias Pinto "tratou depois da situação de Belterra, tendo o presidente Vargas demonstrado muito interesse pela situação dos trabalhadores daquela plantação, levando aquele prócer trabalhista instruções a fim de encaminhar medidas capazes de melhorar o padrão de vida dos moradores de Belterra".

 

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